terça-feira, setembro 30


Se te pareço ausente,não creias :
hora a hora minha dor agarra-se
aos teus abraços,
hora a hora meu desejo revolve teus escombros,
e escorrem dos meus olhos mais promessas.
Não acredites nesse breve sono ;
não dês valor maior ao meu silêncio;
e se leres recados numa folha branca,
não creias também : é preciso encostar teus lábios nos meus lábios para ouvir .

Nem acredites se pensas que te falo :
palavras
são meu jeito mais secreto de calar.

lya luft

Se todas as tuas noites fossem minhas
Eu te daria, a cada dia
Uma pequena caixa de palavras
Coisa que me foi dada, sigilosa

E com a dádiva nas mãos tu poderias
Compor incendiado a tua canção
E fazer de mim mesma, melodia.

Se todos os teus dias fossem meus
Eu te daria, a cada noite
O meu tempo lunar, transfigurado e rubro
E agudo se faria o gozo teu.

HILDA HILST
In: "Júbilo, memória, noviciado da paixão"

segunda-feira, setembro 29


ninguém me encanta
como você
nem me vê
do jeito
que só você,
de que adianta
ter olhos
e não saber ver
ter voz
mas não ter o que dizer
digam o que disserem
façam o que quiserem
ninguém diz
ninguém vê
ninguém faz
como você
ninguém me canta
ninguém me encanta
como você.

Itamar Assumpção e Alice Ruiz

"Depois que um corpo
comporta outro corpo
Nenhum coração
Suporta o pouco"


alice ruiz

Vi uma estrela tão alta
vi uma estrela tão fria
vi uma estrela luzindo
na minha vida vazia!

Era uma estrela tão alta
era uma estrela tão fria
era uma estrela sozinha
luzindo no fim do dia!

Por que da sua distância
para minha companhia
não baixava aquela estrela?
por que tão alta luzia?

E ouvia-a na sombra funda
responder que assim fazia
para dar uma esperança
mais triste ao fim do meu dia.


Manuel Bandeira

A Eternidade está longe
(Menos longe que o estirão
Que existe entre o meu desejo
E a palma da minha mão).

Um dia serei feliz?
Sim, mas não há de ser já:
A Eternidade está longe,
Brinca de tempo-será.


(Manuel Bandeira)

Dizes que sou feliz. Não mentes. Dizes
Tudo que sentes. A infelicidade
Parece às vezes com a felicidade
E os infelizes mostram ser felizes!

Assim, em Tebas - a tumbal cidade,
A múmia de um herói do tempo de Ísis,
Ostenta ainda as mesmas cicatrizes
Que eternizaram sua heroicidade!

Quem vê o herói, inda com o braço altivo,
Diz que ele não morreu, diz que ele é vivo,
E, persuadido fica do que diz...

Bem como tu, que nessa crença infinda
Feliz me viste no Passado, e ainda
Te persuades de que sou feliz!


augusto dos anjos

domingo, setembro 28


Busca-me na tarde fria
Rompe a barreira de roupas
O coração arrebenta
As mãos transpiram e gemem
Esquenta minha nuca
Com seu sonho
Vaga sua língua em minha pele
Derrama sob minhas pálpebras teu... carinho...
...vagueia seus braços em meus caminhos

Tu és pra mim o calor
Onde me abandono
Onde guardo o veneno
Busca-me
Rodeia-me

Agarra meus cabelos em seus dedos
Procura a bússola
Me direciona
(eu deixo... anseio)
E balbucio seu nome e qual sonâmbula
Tateio
E sôfregos sentimos o som do gelo
Que cai... (lá fora)
E fica parado no tempo
(Jogo a chave do lamento)
E meus olhos fixam-se em um beijo
E na cor da face (veja) meu desejo


Sole Mazzeto

A estrela que caiu
Na palma
Da minha mão
Reluziu,
Sutilmente
Contou-me
Que além
Dos nossos
Sonhos
Há um lugar,
Há mar,
Existe um barco
Tocado à velas
A navegar
Ondas bravias
E tempestades
Que vão passar
Quando meu calor
Encontrar o seu
Que é fogo
A me incendiar,
Há mais,
Um cais
E o nosso amor
A atracar.



Maria Pontes

sábado, setembro 27


Há sem duvida quem ame o infinito,
Há sem duvida quem deseje o impossivel,
Há sem duvida quem nao queria nada -

Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possivel,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se nao puder ser…”

-- Álvaro de Campos

Quando, sorrindo, vais passando, e toda
Essa gente te mira cobiçosa,
És bela - e se te não comparo à rosa,
É que a rosa, bem vês, passou de moda...

Anda-me as vezes a cabeca à roda,
Atrás de ti também flor caprichosa!
Nem pode haver, na multidão ruidosa,
Coisa mais linda, mais absurda e doida.

Mas é na intimidade e no segredo,
Quando tu coras e sorris a medo,
Que me apraz ver-te e que te adoro, flor!

E não te quero nunca tanto (ouve isto)
Como quando por ti, por mim, por Cristo, Juras
- mentindo - que me tens amor...

Antero de Quental

sexta-feira, setembro 26


Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?

Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.

Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.

Radiosa me sorri
se minha boca fere.
Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas.

Dá-me amor, me sorri
e me ajuda a ser bom.
Não te firas em mim, seria inútil,
não me firas a mim porque te feres.

Pablo Neruda

quinta-feira, setembro 25


"A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com o mesmo perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia"


carlos drummond de andrade

"Quanto mais ando, querendo pessoas,
parece que entro mais no sozinho do vago..."


(Guimarães Rosa)

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.


cecilia meireles

...De tanto olhar para longe
Não vejo o que passa perto
Subo monte, desço monte,
Meu peito é puro deserto.

Eu ando sozinha, ao longo da noite
Mas a estrela é minha."


cecília meireles

São demais os perigos dessa vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida

E se ao luar, que atua desvairado
Vem unir-se uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher

Uma mulher que é feita de música
Luar e sentimento, e que a vida
Não quer, de tão perfeita

Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento,
Tão cheia de pudor que vive nua.


Vinicius de Moraes

quarta-feira, setembro 24


O mistério das coisas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as coisas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum.


Alberto Caeiro

Chove...

Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.


José Gomes Ferreira, in Poesia II

“Não é amor amor, se não vier
Com doidices, desonras, dissensões,
Pazes, guerras, prazer e desprazer,
Perigos, línguas más, murmurações,
Ciúmes, arruídos, competências,
Temores, mortes, nojos, perdições.”


(Luís de Camões)

terça-feira, setembro 23


O que o lirismo ocidental exalta não é o prazer dos sentidos, nem a paz fecunda do casal. Não é o amor satisfeito mas sim a paixão do amor. E paixão significa sofrimento.


Denis Rougemont



Cartões Animados
www.cartooes.com


Amor Amor
Quando o mar
Quando o mar tem mais segredo
Não é quando ele se agita
Não é quando é tempestade
Nem é quando é ventania
Quando o amor tem mais segredo
É quando é calmaria
Quando o amor
Quando o amor tem mais perigo
Não é quando ele se arrisca
Não é quando ele se ausenta
Nem quando eu me desespero
Quando o amor tem mais perigo
É quando ele é mais sincero.



(Cacáso - Antônio Carlos de Brito)

Preciso que um barco atravesse o mar
lá longe
para sair dessa cadeira
para esquecer esse computador
e ter olhos de sal
boca de peixe
e o vento frio batendo nas escamas.
Preciso que uma proa atravesse a carne
cá dentro
para andar sobre as águas
deitar nas ilhas e
olhar de longe esse prédio
essa sala
essa mulher sentada diante do computador
que bebe a branca luz eletrônica
e pensa no mar.


marina colasanti

segunda-feira, setembro 22


As asas da minh'alma estão abertas!
Podes te agasalhar no meu Carinho,
Abrigar-te de frios no meu Ninho
Com as tuas asas trêmulas, incertas.

Tu'alma lembra vastidões desertas
Onde tudo é gelado e é só espinho.
Mas na minh'alma encontrarás o Vinho
e as graças todas do Conforto certas.

Vem! Há em mim o eterno Amor imenso
Que vai tudo florindo e fecundando
E sobe aos céus como sagrado incenso.

Eis a minh'alma, as asas palpitando
Com a saudade de agitado lenço
o segredo dos longes procurando...


cruz e souza

Andas dum lado pro outro
Pela rua passeando;
Finges que não queres ver
Mas sempre me vais olhando.

É um olhar fugidio,
Olhar que dura um instante,
Mas deixa um rasto de estrelas
O doce olhar saltitante...

É esse rasto bendito
Que atraiçoa o teu olhar,
Pois é tão leve e fugaz
Que eu nem o sinto passar!

Quem tem uns olhos assim
E quer fingir o desdém,
Não pode nem um instante
Olhar os olhos d'alguém...

Por isso vai caminhando...
E se queres a muita gente
Demonstrar que me desprezas
Olha os meus olhos de frente!...


florbela espanca

domingo, setembro 21


E os caminhos da vida são tortuosos.
Não são como os trilhos
de uma estrada de ferro.
Não, a vida não corre em trilhos.
E essa é a sua beleza, sua glória,
sua poesia, a sua música –
é sempre uma surpresa.


(Osho)

auto retrato...


No retrato que me faço - traço a traço - às vezes me pinto nuvem, às vezes me pinto árvore... às vezes me pinto coisas de que nem há mais lembrança... ou coisas que não existem mas que um dia existirão... e, desta lida, em que busco - pouco a pouco - minha eterna semelhança, no final, que restará? Um desenho de criança... Corrigido por um louco!


[Mario Quintana]

Obscuro
é o teor
e o tom
do desejo
que sinto
por ti
e invade
minhas noites
e rasga
meu peito
e adentra
meu corpo
e preenche
o vazio
das horas
algozes
que vazam
lá fora
correndo
velozes
e escoam
cá dentro
tão lentas
agora.



http://www.rosanelima.blogspot.com/

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.


ferreira gullar

sábado, setembro 20


Fugaz



passagem por uma paisagem,

lugar do onde, do ontem, do quando,

quantas palavras ficaram faltando

na boca cheia de imagens.



o outro é aquele que ficou à margem,

no espanto de um pronome,

no corpo de uma brisa suave;

o outro é como uma fome

pluma à deriva, à distância, ou quase.



estranho em sua própria viagem,

garrafa com uma mensagem,

olhar durando numa flor,

sem nome, secreta, selvagem.



Desterro, água bebida num trem,

peça incompleta, festa adiada, vertigem,

a cabeça sempre em alguém,

eu outro, eu todos, ninguém.



(Rodrigo Garcia Lopes)

O sapo
virou príncipe
bateu na minha porta
me acordou com um beijo
e eu fiquei cinderela.

Há de ficar olhando o mar

e observar a vida,

sentir o vento

batendo e fazendo

a água gritar.

Há de estar sereno

e ser a própria

tranquilidade ...

que, intranquila,

atravessa a madrugada.

Há de pisar na terra molhada,

rodopiar,

mesmo em silêncio,

caminhar sem rumo.

Há de beber das cachoeiras

o vinho da magia intensa

que é perder-se no ar ...

que merece a imensidão

do espaço.



carla dias

Vim da nostalgia da noite
e do beijo das estrelas,
da carícia da brisa
sobre a ardentia do mar.
Eu vim do Amor
e da sapiência de um Deus
que deu ao meu corpo - Vida!
E à minh´alma
o encanto de ser livre!


lilia magnavita

Sorri com tranquilidade
Quando alguém te calunia.
Quem sabe o que não seria
Se ele dissesse a verdade...


Mário Quintana

sexta-feira, setembro 19


De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça. Amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera
Ou se vacila ao mínimo temor.

Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
È astro que norteia a vela errante
Cujo valor se ignora, lá na altura.

Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfanje não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,

Antes se afirma, para a eternidade.
Se isto é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.


SHAKESPEARE

quinta-feira, setembro 18


Penso: agora serei feliz
pois ao meu lado está o Amor.
Sob a terra escondo a raiz,
árvore a rebentar em flor.

Feliz como o campo de trigo
que após a chuva se aqueceu.

Enfim o Amor está comigo,
de coração unido ao meu!

Contudo, agonias estranhas,
estranhas amarguras trago-as
caladamente nas entranhas,
como um lago de fundas águas.

Tua presença – arco triunfal -
cobre-me a vida de esplendor.
E eu sei que não há dor nem mal
que atinja a presença do Amor.

Porém se teus olhos profundos
seguem como barcos à vela
o roteiro de novos mundos,
que distância se me revela!

Se despiedoso ou distraído
quebra de nossos dedos o elo,
- pássaro que tomba ferido,
nas minhas mãos morre este anelo.

Se teu carinho promissor
pela manhã se me anuncia,
pressentindo de sol-pôr
enubla o cristal de alegria.

Teu silêncio é trama de espinhos
em que se laceram meus véus.
Tua voz – espuma de vinhos
que te embriagaram noutros céus.

Nesta paixão que nos separa
quanto mais no que une a aparência,
sofro – minha volúpia rara! -
toda a nostalgia da ausência.

Amor – espada de dois gumes,
cada qual mais frio e mais forte:
se a vida está no que resumes,
és o caminho para a morte.

Henriqueta Lisboa – do livro: Prisioneira da Noite (1935 – 1939)

Há dentro de mim uma paisagem
entre meio-dia e duas horas da tarde.
Aves pernaltas, os bicos
mergulhados na água,
entram e não neste lugar de memória,
uma lagoa rasa com caniço na margem.
Habito nele, quando os desejos do corpo,
a metafísica, exclamam:
como és bonito!
Quero escrever-te até encontrar
onde segregas tanto sentimento.
Pensas em mim, teu meio-riso secreto
atravessa mar e montanha,
me sobressalta em arrepios,
o amor sobre o natural.
O corpo é leve como a alma,
os minerais voam como borboletas.
Tudo deste lugar
entre meio-dia e duas horas da tarde


adélia prado

terça-feira, setembro 16


Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,
Com a suposição de qualquer semelhança
No fundo.

F.P.

Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!


Álvaro de Campos, 7-11-1933

'E não há paisagem que seja mais linda do que o rosto do seu amor. Não há pôr-do-sol que valha desviar seu olhar do dela. Eu te amo.
Eu também te amo.
Eu te amo mais.
Impossível. Eu te amo o mundo.
Eu te amo o universo.
Te amo tudo aquilo que não conhecemos.
E eu te amo antes que tudo o que nós não conhecemos existisse.
Eu te amo.
Eu te amo.
Eu te amo mais do que a mim.
‘Já conheço os passos dessa estrada’... E, mesmo assim, estarei sempre pronto para esquecer aqueles que me levaram a um abismo. E mais uma vez amarei. E mais uma vez direi que nunca amei tanto em toda a minha vida.'

fernanda young

segunda-feira, setembro 15


"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso"! E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A via láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora! "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las:
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".


Olavo Bilac

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.



Ricardo Reis, 1-7-1916

domingo, setembro 14



O Amor não deveria ser exigente,
senão, ele perde as asas e não pode voar;
torna-se enraizado na terra e fica muito mundano.
Então ele é sensualidade e traz grande infelicidade e sofrimento.
O amor não deveria ser condicional, nada se deveria esperar dele.
ele deveria estar presente, por estar presente, e não por alguma recompensa, e não por algum resultado.
Se houver algum motivo nele, novamente seu amor não poderá se tornar o céu. Ele está confinado ao motivo;o motivo se torna sua definição, sua froteira.
Um amor não motivado não tem fronteiras:
É a fragância do coração.


Osho

sexta-feira, setembro 12

já te disse que te amo , hoje???

Picture Captions
[Caption.iT - Picture Captions]

O amor que eu nunca fiz tinha cheiro de pecado
Tinha um monte de carinhos guardados
Tinha início num simples beijo
Que terminava envolto em milhões de desejos.


O amor que eu nunca fiz era criança
Era alucinado e acalorado
Depois virou adolescente e carente
Mais tarde, um senhor
Triste e empalhado
Escondido dentro do passado.



O amor que eu nunca fiz
Tinha cheiro de jasmim
Perfume de alecrim
A cor da aurora
Teria sido um instante de glória
Talvez o começo de uma história.



Chamava por mim
Sempre foi assim...
No silêncio da madrugada
Em alguma hora encantada...
Ele era fantasiado de alegria
Escondido atrás da agonia



Quente e louco
Perturbado e indiciplinado
Era medroso, cheio de angústias
Partículas de tormentos
Cheio de instantes e momentos.



O amor que eu nunca fiz
Me chamava, me enfeitiçava
Tentava me levar ao final da estrada
Mas minha fuga
Sempre era alucinada
Fuga de lágrimas, sem palavras.



O amor que eu nunca fiz era gelado
Frio e molhado
Doce e salgado
Fugitivo e enraizado
Seco e atormentado
Imperfeito e arruinado.



O amor que eu nunca fiz...
Me deixou marcas
Por toda parte
Por cada pedaço do meu corpo
Nos lábios e no rosto
No peito e na emoção
Na saudade e no coração.



Fugiu de mim
E sempre vai ser assim
Porque o amor que eu nunca fiz
Riu quando eu não quis
Embora eu saiba
Que dentro do seu coração
Ficou um vácuo
Uma ilusão
Uma estranha sensação...



Mas o amor que eu não fiz
Ainda me atormenta
Ainda me alimenta
Ainda não se satisfaz
Ainda não é capaz.



O amor que eu nunca fiz
De certa forma eu já fiz
Quando olhei nos seus olhos
Quando beijei a sua boca
Quando fiquei completamente louca
Quando nas noites de verão
Peguei na sua mão
Quando o seu corpo encostou no meu
E enlouquecida eu quis o seu.



O amor que eu nunca fiz
Abriu-me uma porta
Iniciou uma história
De derrota e de glória
De despedida e partida
De amizade sofrida
De paixão, amor e dor.



O amor que eu jamais fiz
Foi nosso peso
Foi nossa medida
Nosso pesadelo
E nossa dívida
Foi nosso desespero
E ficou sendo também
O nosso segredo.



O amor que eu nunca fiz
Foi justamente, de todos...
...o que eu mais quis!

Quem sou eu

Minha foto
...sou uma mulher como todas do planeta, que merece amar e ser amada.

Arquivo do blog