terça-feira, junho 3
A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
Bobeou eu tô morrendo
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção
de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo
e me torno moribundo de doer daquele corte
do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas
dentro das alegrias havidas
Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer
depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não
me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala
nem informática nem cabala
eu era uma espécie de Lázara
poeta ressuscitada
passaporte sem mala
com destino de nada!
A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
ensaiar mil vezes a séria despedida
a morte real do gastamento do corpo
a coisa mal resolvida
daquela morte florida
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos
cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos
que já to ficando especialista em renascimento
Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho
ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo
Não dá outra: tiro o chinelo...
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha...
Fico aí camisolenta em estado de éter
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
Tô nocauteada, tô morrida!
Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa
não tem aquela ansiedade para entrar em cena
É uma espécie de venda
uma espécie de encomenda que a gente faz
pra ter depois ter um produto com maior resistência
onde a gente se recolhe (e quem não assume nega)
e fica feito a justiça: cega
Depois acorda bela
corta os cabelos
muda a maquiagem
reinventa modelos
reencontra os amigos que fazem a velha e merecida
pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"
E a gente com aquela cara de fantasma moderno,
de expersona falida:
- Não, tava só deprimida.
(Elisa Lucinda)
PER AMORE...
Per Amore
(Tradução)
Io conosco la tua strada,
Eu conheço tua estrada
ogni passo che farai,
cada passo que darás
le tue ansie chiuse e i vuoti,
teus desejos calados, teus vazios
sassi che allontanerai
pedras que afastarás
senza mai pensare che
sem jamais pensar que eu
come roccia io ritorno in te...
como uma rocha retorno sempre para você
Io conosco i tuoi respiri,
eu conheço a tua respiração
tutto quello che non vuoi,
tudo o que você não quer
Io sai bene che non vivi
Você sabe que não está vivendo
riconoscerlo non puoi.
não pode reconhecer
E sarebbe come se
e como se
questo cielo in fiamme
este céu em chamas
ricadesse in me,
desabasse sobre mim
come scena su en attore...
como um cenário sobre um ator
Per amore,
Por amor
hai mai fatto niente
você já fez alguma coisa
solo per amore,
apenas por amor?
hai sfidato il vento e urlato mai,
já desafiou o vento e gritou?
diviso il cuore stesso,
já dividiu o próprio coração?
pagato e riscommesso,
já pagou e apostou várias vezes?
dietro questa mania
nessa mania
che resta solo mia?
que afinal segue sendo só minha
Per amore,
Por amor
hai mai corso senza flato
você já correu até ficar sem folego?
per amore,
por amor
perso e ricominciato?
ja se perdeu e se reencontrou?
E devi dirlo adesso
e deve me dizer agora
quanto di te ci hai messo,
quanto de você colocou nessa história?
quanto hai creduto tu
quanto você acreditou
in questa bugia.
nesta mentira
E sarebbe come se questo fiume in piena
e como se um rio como uma enchente
risalisse a me,
transbordasse em mim
come china al suo pittore.
como o nanquin da pena de um pintor
Per amore,
por amor
hai mai speso tutto quanto, la ragione,
você já esgotou sua razão?
il tuo orgoglio fino al pianto?
teu orgulho até o pranto?
Lo sai stasera resto,
você sabe, esta noite eu fico
non ho nessun pretesto,
mesmo sem nehum pretexto
soltanto une mania
apenas essa mania
che resta forte e mia
que ainda é forte e minha
dentro quest'anima che strappi via.
dentro desta alma que você dilacera
E te lo dico adesso,
e te digo agora
sincero con me stesso,
com sinceridade
quanto mi costa non saperti mia.
quanto me custa não saber-te minha
E sarebbe come se
é como se
tutto questo mare
este mar todo
annegasse in me.
se afogasse em mim
Cálice
- Chico Buarque & Gilberto Gil
Pai, afasta de mim esse cálice, Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice de vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga, tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca resta o peito, silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa, melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta, tanta mentira, tanta força bruta
Como é difícil acordar calado, se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa, atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá qualquer momento, ver emergir o monstro da lagoa
De muito gorda a porca já não anda, de muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta, essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo, de que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca dos bêbados do centro da cidade
Talvez o mundo não seja pequeno, nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado, quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça, minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel, me embriagar até que alguém me esqueça
Até quando?
(Salmo 13)
Até quando? - é a pergunta que se faz em meio à provação, ou durante algum agudo sofrimento, ou enquanto perdura a dor quase insuportável, na esperança de que logo o período da crise chegue ao fim.
Até quando? - é a pergunta feita pelo vigia, ao longo da noite, enquanto espera o amanhecer.
Até quando? - é a pergunta daquele que é perseguido e anseia por seu livramento.
Até quando? - é a pergunta das vítimas da guerra, aguardando por momentos de paz.
Não é uma indagação desesperada. É uma pergunta confiante: "Eu, porém, confio em teu amor; o meu coração exulta em tua salvação".
Pergunta de quem sabe que a mão do Senhor vai agir. Só não sabe quando.
E espera, revigorado em sua confiança.
(Autor: Carlos Novaes)
Hoje me dei conta de que as pessoas vivem a esperar por algo ...
E quando surge uma oportunidade,
Se dizem confusas e despreparadas ...
Sentem que não merecem
Que o tempo certo ainda não chegou.
E a vida passa ...
E os momentos se acumulam como papéis sobre uma mesa.
Estamos nos preparando para qualquer coisa mas,
Ainda não aprendemos a viver.
A arriscar por aquilo que queremos.
A sentir aquilo que sonhamos.
E assim adiamos nossas vidas por tempo indeterminado ...
Até que a vida se encarregue de decidir por nós mesmos
E percebemos o quanto perdemos e o tanto que poderíamos ter evitado.
Como somos tolos em nossos pensamentos limitados !
Em nossas emoções contidas !
Em nossas ações determinadas !
O ser humano se prende em si mesmo por medo e desconfiança.
Vive como coisa num mundo de coisas.
O tempo esperado é o agora.
Sua consciência lhe direciona,
Seus sentidos lhe alertam
E suas emoções não mais são desprezadas.
Antes que tudo acabe é preciso fazer iniciar ...
Mesmo com dor e sofrimento
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança
tão simples, tão certa
Tão fácil:
-Em que espelho ficou perdida
a minha face?
cecilia meireles
Assinar:
Postagens (Atom)
Quem sou eu
- ...MEU UNIVERSO DE FELICIDADE
- ...sou uma mulher como todas do planeta, que merece amar e ser amada.
Arquivo do blog
- ► 2012 (112)
- ► 2011 (330)
- ► 2010 (260)
- ► 2009 (614)
-
▼
2008
(1550)
-
▼
junho
(254)
-
▼
jun. 03
(10)
- A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida...
- PER AMORE...
- Cálice - Chico Buarque & Gilberto Gil Pai, afasta ...
- Sem título
- Até quando? (Salmo 13) Até quando? - é a pergunta ...
- Hoje me dei conta de que as pessoas vivem a espera...
- O amor é a sabedoria dos loucos e a loucura dos s...
- Sem título
- A vida está cheia de interferências indébitas, de ...
- Eu não tinha este rosto de hoje,assim calmo, assim...
-
▼
jun. 03
(10)
-
▼
junho
(254)