terça-feira, julho 14


Quando abro cada manhã a janela do meu quarto
É como se abrisse o mesmo livro
Numa página nova…



Mário Quintana



O mistério do mundo,
O íntimo, horroroso, desolado,
Verdadeiro mistério da existência,
Consiste em haver esse mistério.

Não é a dor de já não poder crer
Que m’oprime, nem a de não saber,
Mas apenas completamente o horror
De ter visto o mistério frente a frente,
De tê-lo visto e compreendido em toda
A sua infinidade de mistério.

Quanto mais fundamente penso, mais
Profundamente me descompreendo.
O saber é a inconsciência de ignorar…
Só a inocência e a ignorância são
Felizes, mas não o sabem. São-no ou não?
Que é ser sem o saber? Ser, como a pedra,
Um lugar, nada mais.

Quanto mais claro
Vejo em mim, mais escuro é o que vejo.
Quanto mais compreendo
Menos me sinto compreendido. Ó horror
paradoxal deste pensar…

Alegres camponesas, raparigas alegres e ditosas,
Como me amarga n’alma essa alegria!


Fernando Pessoa

Quem sou eu

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...sou uma mulher como todas do planeta, que merece amar e ser amada.

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