sábado, agosto 30


Escrevo-te
ancorada na saudade,
sob o riso irônico
da ausência,
para contar-te de minha solidão
e da vontade insana
de teus beijos!

Escrevo-te
perdida no redemoinho
das lembranças
de nossos encontros fortúitos
com sabor de pecado!

Escrevo-te
para dizer-te do tamanho
do desejo
de estar contigo outra vez,
em teus braços,
transfomada em prazer!

Escrevo-te
para repetir mais uma vez
que te amo... te amo... te amo
e que sem ti não sou nada,
sem tua presença,
sou menos que ninguém!

Escrevo-te
para falar-te da luz
da esperança,
de que um dia,
seremos nós dois
outra vez!


vyrena

Amor
Quando duas pessoas fazem amor
Não estão apenas fazendo amor
Estão dando corda ao relógio do mundo


Mário Quintana

Amor – pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.

Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?

O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.
Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?

Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.

Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.

E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da prórpia vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.

E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.

Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.

Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre.


drummond

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...sou uma mulher como todas do planeta, que merece amar e ser amada.

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