quarta-feira, outubro 1


"Hoje, não podeis ver nem ouvir, e é melhor assim.
Mas, um dia, o véu que cobre vossos olhos será retirado pelas mãos que
o teceram. E a argila que obstrui vossos ouvidos será rompida pelos
dedos que a amassaram. Então vereis, Então ouvireis,
E não deplorareis ter conhecido a cegueira e a surdez,
Pois, naquele dia, compreendereis a finalidade oculta de todas as
coisas,
E abençoareis as trevas, como abençoais a luz."


khalil gibran

"Alheias e nossas as palavras voam.
Bando de borboletas multicores,
as palavras voam
Bando azul de andorinhas,
bando de gaivotas brancas,
as palavras voam.
Viam as palavras como águias imensas.
Como escuros morcegos como negros abutres,
as palavras voam.

Oh! alto e baixo em círculos e retas acima de nós,
em redor de nós as
palavras voam.
E às vezes pousam."


(CECÍLIA MEIRELES)

"- você parece até que viu o passarinho azul”, disse ele. "- mais que vi, fui beijada por um", ela respondeu e lhe contou que nessa manhã, bem cedinho, enquanto caminhava em volta da velha Praça, ao passar embaixo de uma frondosa árvore, um passarinho, em hiperbólico vôo, tocou na sua cabeça, deu um grito que ela entendeu como "bem vinda!" e voltou pra um dos galhos da árvore. “- parecia um bentevi, mas acho acho que era um beija-flor, já que me deu um beijo" disse ela - com o olhar vagando em alguma longínqua árvore cheia de flores e frutos e ninhos de beija-flores -, enquanto ele a olhava como que hipnotizado pelo vôo daquele olhar, balbuciou "- você é uma fruta...", ao que ela completou em bom e alto tom: "prá lá de madura! e que docemente não espera mais do que isso: alimentar beija-flores, sabiás, bentivís, e todos as asas da alma...". "- também sou um pássaro", ele falou, abrindo os braços num gesto que imitava o abrir de asas... Ela sorriu, aconchegando-se nas "asas" dele. E, assim, abraçadinhos e impulsionados pelo bater uníssono de seus corações, voaram tão alto que adentraram nos espaços sagrados dos deuses... Depois, exaustos adormeceram na órbita da Estrela do Oriente. Acordaram - sem metáforas, hiperboles ou onamatopéia - com o sol lambendo suas peles, deste outro lado da Terra.

Pequenas fugas do cotidiano - Lia de Oliveira

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