terça-feira, dezembro 18

Alguém se condena por ter errado e, assim causado mal a pessoas amadas, mesmo não o tendo feito por vontade ou intenção, evidentemente. E está se punindo por isso, muito além da conta e do limite possível da autoestima.. Chegou a um ponto perigoso e esta crônica é um alerta. Tomara que produza algum efeito positivo.
Errar faz parte da fragilidade existencial e embora seja essa uma frase feita, daquelas das quais não gosto, trata-se de uma verdade incontestável em relação a um ser chamado humano, a quem foi dado o destino da  semiconsciência.
Nem somos conscientes, como a seguir de certos reinos, e nem pleniconscientes como os deuses e a Força Maior, que tudo vê, tudo sabe, logo não lhe cabe luta por evolução. Quem nos criou determinou que já iniciássemos a jornada no meio do caminho dessa amplidão; nem desconhecedores totais do que seria a passagem, em nome de um cérebro que estabelece a operação mental, o intelecto, e nem seres perfeitos e evoluídos na própria condição do viver. Cabe-nos progredir.
Um ator italiano, muito boa pinta, chamado Vittorio Gasmann e ainda lembrado pelos da minha faixa etária, afirmava que" precisaríamos de duas vidas: uma para ensaiar e outra para viver ". Como isso não é possível, o ensaio se faz vivendo, o que induz a erros.
Por sua vez, o filósofo espanhol Ortega y Gasset, um dos meus mestres orientadores, proclamava: "Paga-se o erro com a vida,com pedaços irreparáveis e irrecuperáveis de uma existência que não para." Drástico? Talvez, mas muito verdadeiro. Pagamos com períodos de inautenticidade, com anos e anos em que deixamos a vida passar e nada fizemos. E aí desperdiça-se uma parte. Mas, por favor, ainda que seja preciso assumir e pagar, nada de culpas crônicas, de estados de martírios e impedimentos que bloqueiem. O homem, diferentemente de outras natureza, segue pagando o que não deve mais.
Mas o que seria errar? Não perceber a hora de ir ou parar, a falta de sutileza em preparar terreno ou observar se é a hora certa de praticar tal ato, o não perceber a necessidade de alguém amado, mesmo tendo a condição de suprir, as hesitações ao avaliar, tanta e tanta coisa...
Um dos erros mais graves que cometi em relação a mim mesmo foi não ter distinguido que a vida e a sociedade me pedem coisas diferentes: esta que eu siga seus preceitos e regras, dando satisfações dos meus atos e atuando de acordo com os seus códigos; aquela que eu seja honesto comigo, que não me traia em nome dessas satisfações externas e que me recolha na medida dos apelos do Eu. Aprendi a duras penas a não mais dar a sociedade o que é da vida e de não mais enganar a vida com as facetas sociais, que não lhe pertencem.
Outra falha brava é deixar passar sem entender que certas ofertas e dádivas não voltam e aquele papo " o que terá que ser seu ninguém tira" ou "o que é do homem o bicho náo come" é furadíssimo. Tira, sim, e na sua cara e acaba por comer o que seria nosso.
Como dizia o nosso Vinicius de Morais: "Cuidado, a vida é pra valer. E não se engane, é uma só, duas mesmo, que é bom ninguém vai me dizer que tem, sem provar muito bem provado com certidão passada em cartório do céu e assinado embaixo por Deus. E com firma reconhecida!
Aproveitar essa vida única na luta para acertar de vem em quando, para aprender dos erros e, ao menos, fazer diferente, e também aproveitar essa unicidade para aceitar que se erra muito.


Luiz Alca de Sant'anna

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...sou uma mulher como todas do planeta, que merece amar e ser amada.

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