sexta-feira, maio 23


Cansaço

Eu não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos,
Porque não posso fazer o contrário.
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.
E eu sem querer sinto pena
Como uma dor no corpo.
Quem sabe quem os lerá?
Quem sabe a que mãos irão?
Flor, colheu-me o meu destino para os olhos.
Árvore, arrancaram-me os frutos para as bocas.
Rio, o destino da minha água era não ficar em mim.
Submeto-me e sinto-me quase alegre,
Quase alegre como quem se cansa de estar triste ...

M. L.

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