segunda-feira, maio 19


SILÊNCIOS

Gosto de silêncios encabulados
Silêncios envergonhados,
Silêncios apaixonados
Ou mesmo, do despudorado
Silêncio do amor perdido.


Silêncios que me encabulam:

O da lágrima rolando
na face que já foi querida;
O do olhar apagado
Em horas de despedida.

Silêncios que me entristecem:

O da criança que esmola,
Atrás do vidro fechado do carro;
Dos governantes,
Diante do país desgovernado;
Do retirante,
Saindo do ninho obrigado.
Do povo abaixando a cabeça,
Como se fosse gado.

Silêncio que me fascina:
é o silêncio dividido.
Quando junto de quem se ama
É o silêncio que domina.

Bia Ferraz

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