quinta-feira, julho 31


Queria eu viver entre as nuvens
Pois é onde fica meu pensamento
Aqui é mais próximo de Deus
Olhar tudo de cima
Ver meus problemas pequenos
Ver o mundo menor
Meus medos do tamanho de uma formiga
Do alto até minha saudade fica pequenina
Iria ficar grande
Imensa e alta
Viveria equilibrada
Quero me equilibrar

Por Camila Fernanda
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achei o blog dessa garota perfeito..perfeito..
sempre vou postar algum texto dela...
http://caminhosdecamila.blogspot.com/

"O meu mundo não é como o dos outros

Quero demais, exijo demais
Há em mim uma sede de infinito
Uma angústia constante que nem eu mesma compreendo
Pois estou longe de ser uma pessimista.
Sou antes uma exaltada
Com alma intensa, violenta, atormentada
Uma alma que não se sente bem onde está
Que tem saudades... sei lá de quê!"


Florbela Espanca

Só coisas mortas são previsíveis.

Quanto mais viva for uma coisa, mais ela será imprevisível. Ninguém sabe para onde a vida seguirá.

osho

O AMOR DURA UMA ETERNIDADE!...



Bem o sabemos:

O tempo é o senhor da razão.

E a distância a senhora do esquecimento...

Que arrasta e leva embora

Assim como um vendaval,

Ideais...

Sonhos...

Nossos melhores momentos...



Dita senhora!...

Mas!...

Não nos destrói os alicerces

Bem fincados no chão,

Construídos de razão, fortalecimento e verdade...



E não importa a distância a ser percorrida,

Podendo durar uma ou muitas vidas,

Perdura em nossos corações o amor...



Até!...

Até a eternidade!..


lucia maria leite costa

quarta-feira, julho 30


Dá-me a tua mão




Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.


De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.


Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.

clarice lispector

Escreve-me ...


Escreve-me! Ainda que seja só
Uma palavra, uma palavra apenas,
Suave como o teu nome e casta
Como um perfume casto d'açucenas!


Escreve-me!Há tanto,há tanto tempo
Que te não vejo, amor!Meu coração
Morreu já,e no mundo aos pobres mortos
Ninguém nega uma frase d'oração!


"Amo-te!"Cinco letras pequeninas,
Folhas leves e tenras de boninas,
Um poema d'amor e felicidade!


Não queres mandar-me esta palavra apenas?
Olha, manda então...brandas...serenas...
Cinco pétalas roxas de saudade...

florbela espanca

O que Sentimos

O que sentimos, não o que é sentido,
É o que temos.
Claro, o inverno triste
Como à sorte o acolhamos.
Haja inverno na terra, não na mente.
E, amor a amor, ou livro a livro, amemos
Nossa caveira breve.

ricardo reis

Uma vez que você abandone as expectativas, você aprendeu a viver.

Então tudo o que acontece o deixa satisfeito, seja o que for.

Você nunca fica frustrado, simplesmente porque em primeiro lugar

você não estava esperando nada; assim, a frustração é impossível.

A frustração é uma sombra da expectativa.

Com o abandono da expectativa, a frustração cai por sua própria conta.

osho

Torne-se consciente da estratégia do ego,

como ele se nutre, como ele se protege.

osho

terça-feira, julho 29


Nada é mais difícil do que partilhar um amor.

Natalie Barney

Estou aqui
Como um pontinho
Indefeso de tão pequeno
Muito feliz
Rindo de tudo
Gritando ao mundo
Agradecendo a Deus
Essa sensação perfeita de estar feliz.
Viva!


Keidy Lee Jones





Me falta tempo

para ler todos os livros que quero

Me falta tempo para passeios e praias

e as locadoras com seus filmes

Felinis que não vi

e os museus que me esperam

me falta tempo.





Me falta tempo para amar os flertes

e aprofundar as amizades de coquetéis

me falta tempo para arrumar o armário

jogar coisas fora

passar a limpo a caderneta de telefone

redecorar o quarto

Me falta tempo para o orfanato

e ajudar o meu vizinho a pendurar o quadro na parede.





Me falta tempo para aprender japonês

pintar em tecido

tocar piano

tecer meus planos

Me falta tempo para as aquarelas que sonho

preciso anotar meus sonhos

Mas

me falta tempo.





Tempo para os amigos antigos que já me esqueceram

tempo para as músicas e cds

tempo para o estrangeiro, ilhas e cantões a conhecer

Me falta tempo para os poemas que a poesia me exige

e gravar os programas de TV

no entanto,

quantas vezes não tenho nada, absolutamente nada

para fazer.

angela carneiro




* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

"Cada um é único e incomparável.

Você é simplesmente você:

Ninguém jamais foi como você e ninguém jamais será como você.

E você não precisa ser como ninguém tampouco"

osho

Meditação
A coragem de estar só e silencioso



Querido Osho,
Eu sempre estou com medo de estar só, porque quando estou só, começo a querer saber quem eu sou. Parece que se eu investigar mais fundo, irei descobrir que eu não sou a pessoa que acreditei ser nos últimos vinte e seis anos, mas um ser presente no momento do nascimento e talvez também no momento anterior. Por alguma razão isso me assusta completamente. Parece um tipo de insanidade e faz com que eu me perca nas coisas externas a fim de me sentir mais segura.
Osho, quem eu sou, e por que o medo?

Surabhi, não é apenas o seu medo, é o medo de todo mundo. Porque ninguém é aquilo que deveria ser pela própria existência.
A sociedade, a cultura, a religião, a educação, todos têm conspirado contra inocentes crianças.
Eles têm todo o poder – a criança é indefesa e dependente. Assim, tudo o que querem fazer com ela, eles dão um jeito e fazem.
Eles não permitem que criança alguma se desenvolva para o seu destino natural.
Todo o esforço deles é para fazer dos seres humanos, utilidades. Quem sabe, se deixarmos uma criança desenvolver por si mesma, se ela terá ou não alguma utilidade para os interesses velados. A sociedade não está preparada para correr esse risco. Ela agarra a criança e começa a moldá-la em alguma coisa necessária para a sociedade.
Sob certo sentido, ela mata a alma da criança e lhe dá uma falsa identidade, para ela nunca ver a sua alma, o seu ser.
A falsa identidade é um substituto. Mas esse substituto é útil apenas na mesma multidão que deu essa falsa identidade a você. No momento em que você está só, o falso começa a se desmontar e o que é verdadeiro e foi reprimido começa a se expressar.
Por isso o medo de estar só.
Ninguém quer estar só. Todo mundo quer pertencer a uma multidão – e não apenas uma multidão, mas a muitas multidões. A pessoa pertence a uma multidão religiosa, a um partido político, a um Rotary Club... E existem muitos outros pequenos grupos para se pertencer também.
É preciso estar apoiado vinte e quatro horas por dia, porque o falso, sem apoio, não consegue ficar de pé. No momento em que estiver só, começa a sensação de uma loucura estranha.
Surabhi, é sobre isto que você está perguntando – porque por vinte e seis anos você acreditou ser alguém, e então, de repente, num momento de solidão, você começou a perceber que você não era aquilo. Isso cria medo: então quem você é?
E vinte e seis anos de repressão... Levará algum tempo para que o verdadeiro se expresse.
O intervalo entre os dois tem sido chamado pelos místicos de ‘a noite escura da alma’ – uma expressão muito apropriada. Você não é mais o falso, e você ainda não é o verdadeiro. Você está no limbo, você não sabe quem você é.
Particularmente no Ocidente – e Surabhi é ocidental – o problema é ainda mais complicado, porque eles não desenvolveram nenhuma metodologia para descobrir o verdadeiro, o mais cedo possível, de modo que a noite escura da alma possa ser encurtada.
O Ocidente nada conhece a respeito de meditação.
E meditação é apenas um nome para o estar só, silencioso, esperando pela manifestação do verdadeiro. Não é um ato, é um relaxamento silencioso – porque qualquer coisa que você faça tem sua origem na sua falsa personalidade. Tudo o que você fez por vinte e seis anos teve sua origem ali; este é o seu velho hábito.
Hábitos são duros de morrer.


Havia um grande místico na Índia, Eknath. Ele estava indo para uma peregrinação santa com todos os seus discípulos – seriam uma jornada de três a seis meses.
Um homem chegou até ele, jogou-se a seus pés e disse, ‘Eu sei que não sou merecedor. Você sabe bem disso, todo mundo me conhece. Mas eu sei que a sua compaixão é maior do que o meu não-merecimento. Por favor, aceite-me também como um dos membros de seu grupo que está indo para a peregrinação santa. ‘
Eknath disse, ‘Você é um ladrão – e não apenas um ladrão comum, mas um ladrão mestre. Você nunca foi pego e todos sabem que você é um ladrão. Eu certamente me sentiria bem levando você comigo, mas eu também tenho que pensar nas outras cinqüenta pessoas que estão indo comigo. Você terá que me fazer uma promessa – e eu não estou pedindo por nada mais que, apenas durante aquele tempo de três a seis meses em



que nós estivermos na peregrinação, você não roube. Depois disso, será sua a decisão. Uma vez que nós tenhamos voltado para casa, você estará livre de sua promessa. ‘
O homem disse, ‘Eu estou absolutamente pronto para prometer, e eu estou imensamente agradecido pela sua compaixão.’ As outras cinqüenta pessoas ficaram desconfiadas. Confiar em um ladrão...
Mas elas não podiam dizer coisa alguma ao Eknath. Ele era o mestre.
A peregrinação começou e desde a primeira noite aconteceram problemas. Na manhã seguinte havia um caos – o casaco de alguém tinha sumido, assim como a camisa de um outro, e também o dinheiro de outro.
E todo mundo estava gritando, ‘Onde está o meu dinheiro?’ E todos eles foram contar ao Eknath, ‘Nós estávamos desconfiados desde o começo em que você trouxe esse homem consigo. Um hábito de uma vida inteira...’
Mas eles começaram a procurar e então descobriram que as coisas não tinham sido roubadas. O dinheiro de alguém tinha sumido, mas foi encontrado na sacola do outro. O casaco de alguém estava faltando, mas foi encontrado na mala do outro. Tudo foi encontrado, mas era um problema desnecessário – todas as manhãs!
E ninguém conseguia conceber – qual poderia ser o sentido disso? E certamente não era o ladrão, porque nada estava sendo roubado.
Na terceira noite, Eknath permaneceu acordado para ver o que acontecia. No meio da noite, o ladrão – devido ao seu hábito – acordava e começava a tirar as coisas de um lugar e colocar no outro. Eknath interrompeu-o e disse, ‘O que você está fazendo? Você se esqueceu de sua promessa?’
Ele disse, ‘Não, eu não esqueci minha promessa. E eu não estou roubando coisa alguma, mas eu não lhe prometi que não iria mudar as coisas de um lugar para o outro. Depois dos seis meses eu terei que ser um ladrão novamente; isto é apenas para praticar. E você deve entender – isto é um hábito de uma vida inteira, e você não consegue abandoná-lo num estalar de dedos. Dê-me um tempo. Você devia entender o meu problema também. Por três dias eu não roubei uma simples coisa – isso é como jejuar! Isto é apenas um substituto, eu estou me mantendo ocupado.
‘Este é o meu horário de trabalho, no meio da noite, assim é muito difícil para eu ficar simplesmente deitado na cama acordado. E tantos idiotas dormindo... E eu não estou fazendo mal a ninguém. De manhã eles encontrarão as suas coisas.’
Eknath disse, ‘Você é um homem estranho. Você vê que toda manhã existe um caos e uma ou duas horas são desperdiçadas desnecessariamente para se encontrar as coisas – onde você as colocou, de que malas elas foram tiradas. Todo mundo tem que abrir tudo e perguntar aos outros... ‘A quem isto pertence?’
O ladrão disse, ‘Essa concessão você tem que me fazer.’
Surabhi, vinte e seis anos de uma falsa personalidade imposta por pessoas que você amou, que você respeitou... E eles não estavam fazendo alguma coisa intencionalmente ruim para você. A intenção deles era boa, apenas a consciência deles era nula. Elas não eram pessoas conscientes – seus pais, seus professores, seus sacerdotes, seus políticos – elas não eram pessoas conscientes, eles eram inconscientes.
E mesmo uma boa intenção nas mãos de uma pessoa inconsciente pode se tornar venenosa.
Assim, sempre que você está só, surge um medo profundo, porque de repente o falso começa a desaparecer.



E o verdadeiro precisa de um certo tempo. Você o perdeu há vinte e seis anos. Você precisará ter alguma consideração com o fato de que terá que fazer uma ponte sobre esse intervalo de vinte e seis anos.
Nesse medo – de que ‘eu estou perdendo a mim mesma, meu senso, minha sanidade, minha mente – tudo’, porque o ‘eu’ que lhe foi dado pelos outros consiste em todas essas coisas – parece que você vai enlouquecer. Você começa imediatamente a fazer alguma coisa simplesmente para se manter ocupada. Se não houver pessoas, pelo menos existe alguma ação. Assim o falso permanece ocupado e não começa a desaparecer.


Por isso as pessoas têm a maior dificuldade nos feriados de finais de semana. Por cinco dias elas trabalham, esperando que no final de semana possam relaxar. Mas o final de semana é o pior tempo em todo o mundo – mais acidentes acontecem nos finais de semana, mais pessoas se suicidam, mais assassinatos, mais roubos, mais estupros. Estranho... E essas pessoas estavam ocupadas por cinco dias e não havia problema algum. Mas o final de semana, de repente, lhes dá uma escolha, ou estar ocupado com alguma coisa ou relaxar, mas relaxar é espantoso; a falsa personalidade desaparece.
Mantenha-se ocupado, faça alguma coisa estúpida. As pessoas estão correndo para as praias, para-choques colados nos para-choques, num trânsito com filas quilométricas. E se você lhes perguntar para onde elas estão indo, elas estão indo para longe da multidão – e toda a multidão está indo com elas. Elas estão indo procurar um espaço solitário e silencioso – todas elas.
Na verdade, se elas permanecessem em casa, elas estariam mais solitárias e silenciosas – porque todos os idiotas foram em busca de um lugar solitário e silencioso. E eles estão correndo como loucos, porque dois dias se acabarão logo e eles têm que chegar lá – não pergunte aonde!
E nas praias você vê... Estão tão apinhadas de gente, nem mesmo os shoppings estão tão lotados. E muito estranhamente, as pessoas estão se sentindo muito à vontade, tomando um banho de sol. Dez mil pessoas numa pequena praia tomando um banho de sol, relaxando.
A mesma pessoa na mesma praia, sozinha não seria capaz de relaxar. Mas, você sabe, milhares de outras pessoas estão relaxando, todas ao redor dela. As mesmas pessoas estiveram nos escritórios, as mesmas pessoas estiveram nas ruas, estiveram nos shoppings, e agora as mesmas pessoas estão na praia.
A multidão é essencial para o falso ‘eu’ existir.
No momento em que ele está só, você começa a ficar nervosa.
É aqui que se deve compreender um pouco a respeito de meditação.
Não fique preocupada, porque aquilo que pode desaparecer, merece desaparecer. Não faz sentido agarrar-se àquilo – aquilo não é seu, aquilo não é você.
Quando o falso tiver ido, você é aquele ser fresco, inocente e puro que crescerá em seu lugar.
Nenhuma outra pessoa pode responder a sua pergunta ‘Quem sou eu?’ – Você saberá.
Todas as técnicas de meditação são uma ajuda para destruir o falso. Elas não lhe dão o verdadeiro – o verdadeiro não pode ser dado.
Aquilo que pode ser dado não pode ser verdadeiro.
Você já tem o verdadeiro; apenas o falso tem que ser jogado fora.
Isso pode ser dito de uma maneira diferente: o mestre lhe tira coisas que você de fato não tem e lhe dá aquilo que você já tem.
Meditação é apenas uma coragem para estar só e silenciosa.
Aos poucos, você começa a sentir uma qualidade em si mesma, uma nova vida, uma nova beleza, uma nova inteligência – que não é tomada de empréstimo de ninguém, que cresce dentro de você, que tem raízes na sua existência.
E se você não for uma covarde, começará a fruir, a florescer.
Somente o bravo, o corajoso, as pessoas que têm firmeza, podem ser religiosas. Não os freqüentadores de igrejas – esses são covardes. Não os hindus, não os muçulmanos, não os cristãos – eles são contra a busca. A mesma multidão, eles estão tentando tornar suas falsas identidades mais consolidadas.
Você nasceu. Você veio ao mundo com vida, com consciência, com uma tremenda sensitividade. Apenas olhe uma pequena criança – veja os seus olhos, o frescor. Tudo aquilo foi coberto por uma falsa personalidade.
Não há necessidade alguma de ter medo.
Você pode perder apenas aquilo que tem que ser perdido. E é bom que perca logo – porque quanto mais tempo ficar, mais forte aquilo se torna.
E ninguém sabe coisa alguma a respeito do amanhã.
Não morra antes de realizar o seu autêntico ser.
Somente umas poucas pessoas são afortunadas, aquelas que viveram com ser autêntico e que morreram com ser autêntico - porque elas sabem que a vida é eterna e que a morte é uma ficção.

Osho – Beyond Enlightenment – capítulo 18
Tradução: Sw. Bodhi Champak



Copyright © 2006 OSHO INTERNATIONAL FOUNDATION, Suiça.
Todos os direitos reservados

segunda-feira, julho 28

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Glitter Photos
[Glitterfy.com - *Glitter Photos*]


A minha alma partiu-se como um vaso vazio.
Caiu pela escada excessivamente abaixo.
Caiu das mãos da criada descuidada.
Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.

Asneira? Impossível? Sei lá!
Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.


Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.
Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada.
E fitam os cacos que a criada deles fez de mim

Não se zanguem com ela.
São tolerantes com ela.
O que era eu um vaso vazio?

Olham os cacos absurdamente conscientes,
Mas conscientes de si mesmos, não conscientes deles.

Olham e sorriem.
Sorriem tolerantes à criada involuntária.

Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.
Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.
A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
Um caco.
E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.


Álvaro de Campos

Louco é o que não ama
o que não sente e não pensa
somente se levanta e dorme
sem meditar no que faz aqui

Louco é o que diz
ao contrário do que pensa
e não consegue dizer de uma vez
tudo aquilo que ele sente

Louco é quem ama e tem medo
não de amar mas de o sentir
não dizer o que sofre
por essa loucura de o sofrer

Louco é quem não ama
louco é o Amor
mas antes enlouquecer e amar
que calar e sentir dor

Delfim Peixoto

As coisas acontecem quando você não as espera,

as coisas acontecem quando você não as força,

as coisas acontecem quando você não está ansiando por elas.

osho

Coragem não significa ausência de medo.

Coragem simplesmente significa que o medo está presente, mas ainda assim você irá em frente, você não ouvirá o medo, você o ignorará.

osho

“O verdadeiro amor sempre causa tristeza. É inevitável, porque o amor cria um espaço que abre novas portas ao seu ser. O amor cria uma situação crepuscular.
Em momentos de amor, você pode ver o que é irreal e o que é real. Em momentos de amor, você pode ver o que é significante e o que é insignificante e, ao mesmo tempo, você vê que está enraizado no insignificante – por isso a tristeza. Quando você está amando, você se torna consciente do seu potencial supremo, você se torna consciente do mais longínquo pico, mas você não está lá – por isso a tristeza.
Você tem uma visão, mas é uma visão e, em um minuto, ela desaparecerá. É como se Deus tivesse falado com você no sonho e, quando você acorda, você não o vê. Você sabe que algo aconteceu, mas não se tornou uma realidade. Foi apenas uma brisa passando.
Se o amor não causa tristeza, saiba bem que não é amor. O amor, com certeza, criará a tristeza; quanto maior o amor, maior será a tristeza que o acompanha.
O amor abre a porta para Deus. Dois corações ficam juntos, muito próximos, mas nessa proximidade eles podem ver a separação – essa é a tristeza. Quando você está longe, não consegue ver isso tão claramente. Você sabe que está separado, mas quando você deseja ser um com alguém, anseia por isso, há uma grande paixão e você se aproxima, se aproxima, então chega o momento em que você está muito, muito perto, mas você não pode ir além, você está paralisado – de repente você fica triste. A meta está tão próxima e ainda assim fora do alcance.
Às vezes, depois de amar, você cairá numa noite de profunda frustração. Aqueles que não conhecem o amor, não conhecem o verdadeiro sofrimento, a verdadeira angústia. Eles têm um tipo de vida nivelado. Não conhecem os picos, por isso não estão conscientes dos vales. Não atingiram o máximo, assim, pensam que o que estão fazendo, seja lá o que for, é como a vida deve ser. No amor, por um momento, você se torna aquilo que você deveria ser. Mas isso é apenas momentâneo.
Se você quer que isso se torne uma realidade eterna para você, então o amor não será suficiente – a oração será necessária. O amor o faz consciente dessa necessidade – e, a não ser que você comece a mover-se na oração, o amor criará mais e mais tristeza.
Você não pode tornar-se um no amor. Pode apenas ter a ilusão de tornar-se um. E esse é o grande desejo – como ser um, como ser um com o todo, como ficar em harmonia com a realidade, como desaparecer totalmente. Porque se você é, há sofrimento; se você é, há angústia; se você é, há ansiedade. O próprio ego cria o problema. Quando você se dissolve e desaparece, quando você se torna um, alguém é deixado para trás. Você é apenas uma onda nesse eterno oceano da existência. Você não tem um centro próprio; o centro do todo se torna o seu centro. Então a ansiedade desaparece, a angústia desaparece e o potencial tornou-se real. Isso é o que se chama iluminação, nirvana ou realização divina.
O amor se move na mesma direção, mas ele pode apenas prometer, não pode cumprir. Ele não consegue cumprir o prometido – por isso a tristeza. Você sente que está chegando muito perto do ponto onde você pode desaparecer e ainda assim não desaparece. Novamente você começa a distanciar-se de seu amado. Várias vezes você chegará perto e de novo cairá em sua solidão. Mas você nunca se tornará um. E, a menos que se torne um, o êxtase não será possível.
Um existencialista muito famoso, Nikolai Berdyaev, escreveu algumas coisas muito pertinentes, muito relevantes para essa pergunta. Ele diz: ‘Eu sempre tive medo de experiências felizes, divertidas, pois elas sempre me trouxeram as mais vivas memórias da agonia da vida’.
Certamente é assim. É por isso que as pessoas realmente miseráveis não se rebelam. Os proletários nunca se rebelam. Marx era de uma família de classe média, assim como Mao, Lênin, Engels. Todos os revolucionários vêm da classe média, eles não vêm da camada social inferior. Eles não podem vir dali. As pessoas são tão miseráveis que não podem acreditar que exista algo mais. Elas nunca experimentaram nada da alegria. Pelo fato de elas não terem experimentado coisa alguma da alegria, elas não podem se imaginar como miseráveis. Elas não têm comparações.
Se você não souber o que é doença, não saberá o que é saúde. Se você é doente desde o começo – se, no dia em que você nasceu, nasceu doente – e nunca sentiu aquele bem estar chamado saúde, você não será tão infeliz com sua doença. Você estará perfeitamente satisfeito com ela. Você achará que a vida é assim.


É por isso que uma revolução não surge da camada social mais baixa.
Também não surge da camada social mais alta, porque eles têm muito a perder. Eles não podem ser revolucionários. É arriscado demais para eles. O pobre nada tem a perder, mas não pode sentir as suas misérias; o rico pode sentir a miséria, mas ele tem muito a perder. Por isso, todos os revolucionários nascem da classe média – aqueles que conheceram ambos, um pouco da miséria e um pouco do contentamento. A perspectiva deles é muito mais clara. Eles sabem que a felicidade é possível e, por saberem isso, suas agonias são intoleráveis.
Berdyaev diz: ‘Em dias de grande festa eu, quase que invariavelmente, sentia agonia, talvez porque estivesse esperando por alguma transformação miraculosa da costumeira vida prosaica. Mas ela nunca veio.’ Sim, num dia de festa uma pessoa sente mais agonia, porque ela espera mais. Quando você espera mais, naturalmente se sentirá mais miserável se essa esperança não for satisfeita.



Em momentos de amor há uma grande esperança. Você chegou – e ainda assim nunca chega. Você sente que está quase acontecendo – este é o momento – o momento vem e passa e você é deixado novamente na mesma terra deserta em que sempre esteve. As nuvens juntaram-se e nunca chove, o deserto permanece um deserto. Se as nuvens não se juntam, você não terá esperança. Você o conhece como deserto. Você o aceita. Você se ajusta a ele. Mas, de repente, um dia, você vê as nuvens se juntando, você sente pelo vento que vai chover, sente em todo o redor que vai chover, seu coração começa a vibrar, porque agora esse deserto não será mais um deserto, agora as árvores verdes crescerão, pássaros cantarão e haverá celebração... E aquelas nuvens começam a desaparecer.
Você não viu isso? Um dia, caminhando por uma rua escura, de repente um carro passa perto e o inunda de luz. Depois que o carro se vai, a escuridão é maior que antes. O que aconteceu? Você estava caminhando na mesma noite, na mesma escuridão, mas aquelas luzes, aqueles faróis do carro, de repente encheram seus olhos de luz por um momento. Comparando agora, a escuridão é maior. Por alguns minutos, pode ser que você não seja capaz de ver nada. Estará completamente cego. Isso foi feito pela luz.
A situação é exatamente a mesma... Quando você está apaixonado, é inundado de luz. Mas, então, acaba – vem e vai, é momentâneo. E no rastro há grande tristeza.
E, mesmo enquanto o amor está presente, aqueles que são muito perceptivos sabem que não vai ser assim para sempre. É momentâneo. Eles estão até tremendo. O amor está lá, mas eles sabem que vai acabar – por isso a tristeza.
A pergunta foi feita por Ma Prem Abhinava. Ela deve ser muito perceptiva, intuitiva. Ela deve ter um coração que pode sentir as coisas mesmo quando as pessoas comuns não as sentem. Quando há amor, você curte; quando ele se acaba, você fica triste. Mas, se você for muito perceptivo, se tornará consciente de que exatamente no momento em que o amor está presente, a tristeza está espreitando ali na esquina.
Berdyaev diz: ‘O amor, em particular, me parece carregar dentro de si a semente da angústia e freqüentemente fico perplexo com pessoas que puderam experimentar a exaltação do amor como pura alegria e felicidade’. Ele parece estar confuso.
Esse homem, Nikolai Berdyaev, foi um dos maiores existencialista do século XX. E o existencialismo tem penetrado nos mistérios da vida muito profundamente – não até o final, é claro, mas o existencialismo é um bom começo. Ninguém deveria parar nele, porque o começo é negativo. Se você não mergulhar nele, ele permanece negativo. Começa a ter uma qualidade positiva apenas quando você realmente vai fundo nele.
Buda também é um existencialista, mas ele foi até o final. Sartre, Heidegger, Jasper, Marcel, Berdyaev, eles também são existencialistas, mas estão parados em algum lugar no meio, não foram até o final. Por isso eles permanecem negativos. Mas o insight está certo – nas linhas certas, na direção certa. Os existencialistas falam de desespero, angústia, ansiedade, depressão, tristeza, miséria – tudo o que é sombrio, triste. Eles nunca falam de bênção, de alegria, de celebração. Mesmo assim, gostaria de dizer que eles estão se movendo na direção certa. Se eles se moverem um pouco mais, logo encontrarão a alegria surgindo.
Fiquei sabendo sobre uma senhora muito famosa, muito respeitável, muito conhecida na mais alta camada da sociedade. Numa festa onde todas as pessoas proeminentes do país estavam presentes, ela se embebedou. Alguém a provocou e ela ficou com tanta raiva que perdeu o controle, seu controle usual. Ela perdeu a calma e disse umas palavras vulgares. As pessoas ficaram chocadas. Não podiam acreditar que aquelas palavras feias vinham daquela senhora respeitável. Estavam tão chocadas que o silêncio caiu sobre elas e então ela também ficou chocada pelo choque delas.



Ela entendeu o que tinha feito. Ela sorriu – um doce sorriso que apenas as damas sabem dar – e disse, ‘Sinto muito. Parece que estou me tornando existencialista’.
Essa é a situação agora. O existencialismo tem falado apenas sobre coisas vulgares, o doente, patológico, negativo – o lado escuro da vida.
É como se a morte fosse o objeto da meditação. Mas, se você meditar o suficiente sobre a morte, você ficará surpreso porque, no centro da morte, surge a vida.
Berdyaev diz: ‘O amor, em particular, me parece que carrega dentro de si a semente da angústia e freqüentemente fico perplexo com pessoas que puderam experimentar a exaltação do amor como pura alegria e felicidade’. Eros está em angústia, pois se preocupa e está profundamente enraizado no mistério do tempo e da eternidade. Preocupa-se com o tempo, ansioso pela eterna satisfação e, ainda assim, nunca a alcança.


‘Do mesmo modo, há angústia no sexo. O sexo mostra o homem ferido, partido e incapaz de alcançar a plenitude verdadeira através da união. Ele manda o homem ir para um outro lugar, mas ele retorna uma vez mais para si mesmo e a angústia de seu anseio pela unidade continua não aliviada. O desejo de totalidade não consegue ser satisfeito através do sexo; pelo contrário, ele serve apenas para aprofundar as feridas da desunião.’
A palavra ‘sexo’ é de origem latina – sexus, que significa divisão. Sexo divide. Promete unir, mas nunca une. Na realidade, ele divide. Mas há um grande desejo no homem de ser unido. A criança no útero da mãe está unida com a existência. Ela não tem uma realidade separada. Ela é parte do todo. Ela não tem uma personalidade, nem uma consciência mais elevada. Ela é, mas ainda não é um ego. E isso permanece como o nosso mais profundo anseio – como entrar no útero da existência novamente.
Psicanalistas dizem que o esforço do homem para penetrar na mulher quando faz amor é, na verdade, um esforço para entrar no útero novamente. E há alguma verdade nisso. Como entrar naquele estado de calma absoluta, quietude, quando o ego ainda não foi acionado, quando tudo está em paz e harmonia?
Quando um homem e uma mulher se unem em amor, eles estão tentando criar uma unidade – por isso a atração pelo amor e pelo sexo. Mas isso nunca acontece. Ou acontece apenas por tão pequena fração de segundo que realmente não importa se acontece ou não. Na verdade, pelo contrário, cria mais desejo pela unidade – mais desejo e mais anseio pela unidade suprema. E, todas as vezes, a frustração vem à tona. Se você tiver olhos para ver e coração para sentir, você ficará triste; toda vez que estiver apaixonado, você ficará triste. Novamente a promessa e de novo você sabe que não será realizada.
Então, o que fazer? Deixe a sua tristeza no amor tornar-se a peregrinação para a oração. Deixe essa experiência de tristeza tornar-se uma grande meditação em profundidade. Primeiro você tem que dissolver o ego em seu próprio ser interior; você não pode dissolvê-lo em ninguém mais. Ele voltará. Apenas por um momento você poderá criar um estado de esquecimento.
O sexo funciona como álcool, um álcool natural. É fornecido pela química do corpo, mas é tóxico, é uma droga. É uma química como o LSD, a maconha – a única diferença é que ele é bio-química, já é fornecido ao corpo pela natureza. Mas é um fenômeno químico. Através da química você tem um vislumbre. Isso é o que acontece quando você toma LSD – através da química, você tem um vislumbre. É isso que acontece através de todos os tipos de tóxico – por um momento você se esquece de si mesmo.Mesmo esse esquecimento momentâneo abre uma janela.
Mas esquecimento não é uma dissolução. Você não está dissolvido. Você está lá, esperando. Quando o efeito da droga acabar, o ego o agarrará novamente. O ego tem que ser dissolvido, não esquecido. Essa é a tristeza do amor: o ego é apenas esquecido e só por um momento. Em seguida ele volta. E volta vingativo. Por isso você encontrará amantes brigando continuamente. O ego torna-se ainda mais sólido, cristalizado.
E é por isso que você encontra amantes pensando em termos de o outro o estar enganando. Ninguém está enganando. Mas você desejou, esperou, fantasiou um estado de unidade, e você estava pensando que aquele grande êxtase iria acontecer, e não aconteceu – alguém o enganou. É claro, naturalmente, o outro torna-se o objeto. E o outro também pensa do mesmo jeito – que você o enganou. Ninguém está enganando. O amor enganou vocês dois. A inconsciência os enganou. A química enganou vocês dois. O ego os enganou. Se vocês compreenderem, não brigarão um com o outro.
Essa revelação da tristeza através do amor se tornará uma revolução, uma mudança radical em sua vida. Você começará a se mover em uma nova direção onde o ego possa ser dissolvido.
O sufismo é isso – como dissolver o ego.
E o amor dá grandes insights. Por isso eu sou totalmente a favor do amor. Mas, lembre-se bem, você tem que ir além dele. Sou totalmente a favor dele, para que você possa ir além. Ele tem que se tornar um trampolim. Não sou contra o amor, porque as pessoas que são contra ele permanecerão abaixo dele, nunca irão além. As pessoas que não conheceram o momento extático do amor não conhecerão a tristeza dele – como podem conhecer?
Um monge vivendo em um mosteiro católico ou um muni jaina levando uma vida asceta – como eles vão conhecer a tristeza do amor? Eles renunciaram ao amor. E, nessa renúncia, eles renunciaram à tristeza também.
E sem conhecer a tristeza do amor você não pode voar para o mundo da oração ou da meditação. Essa experiência é uma grande necessidade.
Algumas coisas mais... A tristeza que o amor traz é muito potencial, muito profunda, muito saudável, muito útil. Ela o levará a Deus. Por isso, não a encare negativamente, use-a. Essa tristeza sentida no amor é uma grande bênção. Ela simplesmente lhe mostra que a sua aspiração está além da capacidade do amor, sua aspiração é pelo supremo. O amor pode lhe dar apenas uma satisfação momentânea, mas não uma satisfação eterna. Sinta-se grato pelo amor ter-lhe dado uma satisfação momentânea e ter-lhe feito consciente de uma tremenda tristeza dentro de você.
Quando as pessoas estão juntas no amor, elas se sentem muito sozinhas. Ninguém jamais sente tanta solidão quanto os amantes. Você pode se lembrar disso? Enquanto sentado, segurando a mão de sua bem-amada numa noite de lua cheia, você não sentiu isso? – totalmente sozinho. O outro está lá, você está lá e ambos estão um para o outro, não há nenhum conflito – e, mesmo assim, não há nenhuma ponte. Você está sozinho, ela está sozinha... Duas solidões sentadas juntas. E cada um tornando o outro mais consciente da solidão dele ou dela.
O amor é uma grande experiência. Faz você sentir uma verdade absoluta – que você nasceu sozinho, vive sozinho e vai morrer sozinho. E não há nenhum modo de afogar essa solidão em drogas – quer essas drogas sejam fabricadas pela natureza nas árvores, ou pelas fábricas ou no corpo. Não há meio de afogar essa solidão. A pessoa tem que entender essa solidão, tem que penetrar nessa solidão, tem que ir até seu núcleo. E quando você atingir o núcleo de sua solidão, de repente não é mais solidão, é a própria presença de Deus. Você é sozinho porque Deus é sozinho.
Maomé diz freqüentemente: ‘Não há nenhum Deus exceto Deus. Deus é um’. Seguindo Maomé, um grande místico Sufi, Shapistari diz: ‘Conheça-se, veja-se, ame-se, seja’. Você já é isso, mas tem que penetrar no seu interior.
Sua amada o fará consciente de que não há nenhum modo de sair e tornar-se um. O caminho é para dentro. Entre. O amor, naturalmente, conduz as pessoas à meditação. Os amantes tornam-se meditadores. Somente os amantes tornam-se meditadores.
Por isso, é uma bênção você ter sentido tristeza durante aqueles belos momentos de amor. Compreenda isso. Entenda a mensagem. O seu inconsciente lhe deu a mensagem para agora voltar-se para dentro. O bem-amado reside em você; o bem-amado não está do lado de fora. Ele mora dentro do seu próprio coração. Nenhum outro amor e nenhum outro bem-amado irá satisfazê-la, exceto Deus – por isso a tristeza.”

Osho – Sufis: o povo do caminho – capítulo 4
Editado em português pela Maha Lakshmi Editora em 1983.
Edição esgotada há quase 20 anos.



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Todos os direitos reservados

domingo, julho 27


Apenas uma pessoa que entende o amor, pode entender o significado da oração.
Porque o amor por alguém é uma prece dirigida ao coração do Universo,
uma prece que Deus colocou nas mãos de cada ser humano como um presente.

RAMANUJA ( por Paulo Coelho)

Se há medo, aceite-o, perceba-o. ... Não se incomode com ele. O que acontecerá? De repente você sentirá que ele desapareceu.

E essa é a alquimia interior - um problema desaparece se você o aceita, e um problema torna-se mais e mais complexo se você entra em conflito com ele.

osho

Deus não nos fez para sermos roídos pela ansiedade, mas para andarmos eretos, livres e sem medo num mundo que existe trabalho a executar, verdade a procurar e amor para dar e conquistar.

Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar.

William Shakespeare

como o mar não secou
como a lua apareceu
como o sol nasceu
tu estás aqui
do lado meu

"O correr da vida embrulha tudo.

A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa,

sossega e depois desinquieta.

O que ela quer da gente é coragem."

Guimarães Rosa

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

M. Alegre

Sonho Acordada
Passeando contigo ... descalços
Pela nossa praia ... Nosso Mar
Procurando em cada passo
O desejo de Amar ....

Aceitação



Querido Osho,
Você poderia falar um pouco mais a respeito da aceitação?

“Chintan, eu compreendo a sua pergunta.
Chintan está à beira da morte. Os médicos lhe disseram que ele não conseguirá sobreviver mais do que dois meses, e já se passou quase um mês. Ele procurou por mim quando os médicos disseram que ele tinha um câncer que não podia ser operado e que estava crescendo rapidamente. Naturalmente, ele ficou assustado. Um jovem que ainda não tinha visto a vida, ainda não tinha vivido, estava apenas no meio... Naturalmente, ele estava muito assustado.
Ele me escreveu e eu lhe disse, ‘Não é preciso ficar assustado. Você é afortunado por saber o momento exato em que sua vida irá terminar. Os outros não são tão afortunados; eles não sabem. A vida deles poderá terminar amanhã. Você sabe exatamente que dentro de dois meses irá morrer, por isso, viva esses dois meses tão intensamente e tão alegremente e tão meditativamente quanto for possível. Você não pode adiar. Os outros podem adiar porque eles não estão conscientes de quando eles irão morrer. Você está numa situação melhor porque você não pode adiar. Você tem que fazer tudo agora.’
Ele compreendeu e tem estado muito feliz, alegre, meditando, dançando e cantando. E seus amigos têm escrito para mim. ‘Nós não conseguimos acreditar em tanta mudança. Seus médicos estão maravilhados; eles nunca viram alguém encarar a morte tão belamente, com tanta leveza.’
A pergunta dele precisava deste contexto para que vocês entendam quando ele diz, ‘Você poderia falar um pouco mais a respeito da aceitação?’
A linguagem humana é muito pobre. A palavra ‘aceitação’ traz em si uma relutância oculta. Vocês podem não ter olhado no fundo da palavra, mas quando você diz ‘aceite isso’, existe uma relutância oculta, um tipo de obrigatoriedade, porque não existe nada mais a ser feito. Assim sendo, para que fazer um estardalhaço a respeito? – aceite isso.
Esse tipo de aceitação não é verdadeiro nem autêntico. Eu diria, desfrute isso. A não ser que a sua aceitação seja um desfrute, a não ser que a sua aceitação seja com sua totalidade – sem qualquer relutância, não devido a uma coação, não devido a uma situação particular, mas devido à sua compreensão...


A aceitação se torna uma bela experiência se ela for ao mesmo tempo um desfrute. Você não está aceitando sob a pressão das circunstâncias; você está aceitando de livre e espontânea vontade, com alegria, com profundo sentimento de boas-vindas.
Somente então você compreenderá o que a aceitação pode fazer para o seu ser. Num simples momento ela pode mudar você, transformar você de um ser humano comum em um ser humano desperto. Mas não aceite com relutância. Isso é enganar a si mesmo porque no fundo você não quer aceitar. Exatamente daqui a dois meses você vai morrer? E naturalmente, quando alguém diz, aceite isso, o que mais fazer? Não há nada. Os médicos estão fazendo a quimioterapia – eles estão fazendo tudo o que é possível. Mas eles sabem que nada irá ajudar; o câncer já foi além dos limites de sua cura.
Vendo a situação, você consegue aceitá-la, mas haverá uma


negatividade dentro de você. Você está aceitando porque nada mais pode ser feito. Se houvesse alguma possibilidade a ser tentada você não aceitaria. Eu não posso chamar isso de aceitação autêntica. A aceitação autêntica não tem qualquer tom negativo nela, nenhuma relutância, nenhuma resistência, nenhuma coação. Não é devido à pressão das coisas e das situações e de sua impotência. Não aceite devido à sua impotência; aceite devido à sua força.
Dois meses é muito tempo para viver. Pode-se viver tão intensamente e totalmente em um segundo quanto vivem as pessoas por toda uma vida. Mas a vida delas é muito delgada, esticada ao longo de todo o tempo. Isso não significa que eles são afortunados, porque uma vida autêntica precisa de grande intensidade e totalidade, não uma camada delgada. Uma sobrevivência morna não é viver. Mas se você souber que no momento seguinte irá morrer, você abandonará tudo em que estava envolvido e a única prioridade será conhecer a si mesmo. Pelo menos, antes que a morte chegue, seja consciente de quem você é. Você não tem tempo para adiar.
Aconteceu que um homem costumava ir até o místico Eknath por muitos anos. Ele era um devoto, mas havia dúvidas em sua mente que continuamente o beliscavam. E porque sempre havia muitos discípulos ele não conseguia perguntar. Assim, um dia ele foi muito cedo, antes do sol nascer. Eknath estava vindo do rio. Ele tinha ido tomar um banho antes de sua meditação matinal no templo. Ele chegou até Eknath e disse, ‘Desculpe-me por perturbá-lo nesta hora, mas eu tenho carregado uma pergunta por toda minha vida.’ Ele era um jovem saudável e forte; ele disse, ‘Eu não consigo dissolver, isso continua. É uma perturbação entre eu e você.’ Eknath disse, ‘Qual é o problema?’
Ele disse, ‘O problema é que há muitos anos eu venho aqui para vê-lo, mas eu nunca o vi triste. Eu nunca o vi com raiva. Eu nunca o vi com inveja; eu nunca o vi em um estado negativo da mente. Você está sempre rindo, alegre e relaxado como se não tivesse nenhum problema ou preocupação no mundo. Você não se afeta nem mesmo com a morte. Você conduz isso tão facilmente. E o problema é que uma dúvida surge em mim: você é um ator ou realmente é iluminado? Pode-se dar um jeito de representar um sorriso, de sempre se mostrar alegre, levar tudo facilmente e nunca seriamente. Isso é apenas uma disciplina? Você fez um treinamento para isso? Ou isso é algo que aconteceu a você – é um não-fazer seu, uma compreensão natural e espontânea que cresceu a partir de suas meditações? Esse questionamento tem me preocupado, pois é possível um homem dar um jeito e fingir. Você vê os atores no cinema e sabe que eles são os mais miseráveis no mundo, mas no filme eles aparentam ser tão alegres, tão felizes, amorosos, cheios de paz, corajosos. Se é possível fazer isso no cinema e no teatro, então por que não seria possível fazer na vida real? Você precisa apenas de um pequeno controle para não demonstrar seus verdadeiros sentimentos, mas continua representando sempre.’
Eknath disse, ‘Espere um minuto. Antes de responder a sua pergunta, eu não posso me esquecer de algo que eu queria lhe dizer. Há três dias que eu venho me esquecendo, e isso é importante; assim, primeiro eu lhe direi tal coisa e depois eu responderei a sua perguntar. Há três ou quatro dias, aconteceu de eu olhar a sua mão e fiquei muito assustado. O seu tempo de vida chegou ao fim, apenas uma pequena fração permanece, de modo que você ainda viverá no máximo sete dias. No sétimo dia, quando o sol estiver se pondo, você morrerá. Eu estava me esquecendo disso, que é tão importante quanto a sua pergunta. Agora nós podemos conversar sobre a sua pergunta.’
O homem se levantou e disse, ‘Eu não tenho pergunta alguma e não tenho tempo para conversa. Se a morte está chegando em sete dias, por que eu deveria me preocupar se você é verdadeiro ou não? Isso é assunto seu; não é um problema meu.’
O homem começou a descer as escadas. Havia muitas escadas no templo, e Eknath ficou observando. Apenas cinco minutos atrás ele chegou muito forte e jovial, agora ele se vai como um velho, cambaleando, apoiando-se no corrimão, onde nunca se apoiou antes, com medo de cair. E quando ele chegou em casa, foi direto para a cama, embora não fosse a hora, era de manhã e ele tinha acabado de se levantar. Ele reuniu toda a família e contou o que Eknath lhe disse.
Era inconcebível que Eknath mentisse; não havia sentido em mentir. Então só havia choro e lamento, e o homem parou de comer. Para que comer, agora que vai morrer?
Mas uma coisa estranha começou acontecer assim que ele se conformou com a idéia de que a morte estava chegando e que nada poderia ser feito. ‘Por que não usar esse tempo para a meditação, a qual eu tenho adiado por muitos anos? Eknath diz continuamente todos os dias para meditar, para colocar energia na descoberta de si mesmo, e eu tenho adiado isso, pois, para que ter pressa? Eu sou jovem e essas coisas, meditação e autoconhecimento pertencem às pessoas velhas que já não têm mais o que fazer. De qualquer forma, eles pararam de trabalhar, se aposentaram. Esse é o tempo certo para meditar e descobrir quem você é. Neste exato momento você tem que descobrir muitas outras coisas – dinheiro, poder, prestígio, respeitabilidade. Este tempo não é para ser desperdiçado, descobrindo a si mesmo. Isso você poderá fazer a qualquer momento, quando já não tiver mais utilidade na vida, quando a vida rejeitá-lo com a aposentadoria. ‘



É estranho que em toda parte, quando as pessoas se aposentam, seus colegas se reúnem para lhes dizer um adeus e sempre lhes dão um relógio de bolso. Eu não posso acreditar nisso...Qual é a idéia? Mas agora eu sei. Eles lhe dão um relógio de bolso ‘para lembrá-lo que não resta muito tempo, para lembrá-lo de fazer agora as coisas essenciais que você tem adiado.’
O homem deitou-se e, pela primeira vez, começou a observar a sua mente. Em dois ou três dias, ficou completamente silencioso. Todos os a familiares, parentes e amigos chegavam de longe. Eles ficaram ainda mais perturbados. A morte estava chegando, isso já era um choque. Mas, o que estava acontecendo com esse


homem? Ele não abria seus olhos; ele não comia; ele não tinha interesse por nada. Este deveria ser um tempo para ele se encontrar com a família, com os amigos, pois quem sabe quando você encontrará essas pessoas de novo? Não há muita chance.
Mas ele não estava interessado em coisa alguma. Ele nem mesmo lhes permitiu chamar um médico. Pelo quarto dia, eles não podiam acreditar como ele estava com a aparência tão bela, tão cheia de graça, tão silenciosa. Todo o seu quarto tinha quase a mesma qualidade que existia ao redor de um homem de silêncio ou que existe num templo vivo, onde existem não apenas estátuas, mas a presença de algum mestre vivo.
As pessoas vinham com discursos preparados, diálogos que é preciso dizer, pois é muito embaraçoso visitar um homem que está para morrer. O que lhe dizer? Você não pode conversar sobre filmes, não pode conversar sobre política, nem sobre futebol, ou luta de box. O que existe para se falar? É muito embaraçoso se alguém está morrendo e você tem que deixar acontecer. Prepara-se então um diálogo para consolar, ‘Não se preocupe, todo mundo morre. Isso não está acontecendo apenas com você. E depois existe Deus: você foi um homem virtuoso e o céu está totalmente garantido.’
Tem que se preparar diálogos como este porque agora os assuntos mundanos que as pessoas fofocam entre si não fazem sentido. Mas, na medida em que as pessoas entravam, nem mesmo esse diálogo era possível, pois o homem estava muito silencioso. No sétimo dia, ele abriu os olhos e perguntou à sua família, ‘Quanto tempo falta para o sol se pôr?’(...)
E as pessoas diziam, ‘O sol já está quase se pondo, faltam poucos minutos.’ E ele estava mostrando tanta graça, tanta alegria, tanta felicidade, que a família não podia acreditar na metamorfose que aconteceu nesses sete dias. Todos eles sabiam que ele era um homem comum. A esposa sabia, o pai sabia, o irmão sabia que ele nada tinha de especial, mas em sete dias ele foi muito além deles.
Exatamente na hora em que o sol estava se pondo, todos começaram a chorar e se lamentar. E ele estava lhes dizendo, ‘Fiquem quietos. Não há nada com que se preocupar.’
Naquele momento, Eknath chegou. Toda a família tocou-lhe os pés e lhe disseram, ‘Salve-o Você pode fazer algo?’
Eknath disse, ‘Com a morte não existe possibilidade. Deixem-me vê-lo.’
Assim, todos eles, respeitosamente, se afastaram e deram passagem para o Eknath. O homem estava sentado silenciosamente com os olhos fechados, quase parecendo uma estátua de mármore do Goutama Buda... Apenas sete dias atrás ele era uma pessoa comum. Eknath chamou-o pelo nome e disse, ‘Eu vim vê-lo e para lhe contar que aquilo foi um dispositivo. Você não vai morrer. Você ainda tem uma vida muito longa. Você viverá quase o tanto que já viveu. Você viveu apenas metade da vida, existem muitos anos para você viver. Esta foi uma maneira de responder à sua pergunta.’
O homem disse, ‘Meu Deus, eu nunca iria pensar que isto tinha sido uma maneira de responder à minha pergunta.’
Eknath disse, ‘Não havia outro jeito. Qualquer coisa que eu tivesse respondido a você, as dúvidas iriam permanecer. Um homem que consegue, por anos, fingir que é feliz, também consegue mentir, dizendo que é iluminado. Eu queria lhe dar alguma experiência sobre isto, de que isso não era uma representação teatral. E esses sete dias lhe deram essa experiência. Você recebeu a resposta ou não?’
O homem pulou da cama e se levantou– por sete dias ele não havia deixado a cama – tocou os pés de Eknath e disse, ‘Sua compaixão é grande. Você mentiu apenas porque a sua compaixão é muito grande. Mas você respondeu à minha pergunta. Agora não existe dúvida alguma. E eu não consigo ver qualquer dúvida possível no futuro. Eu conheci o espaço no qual você tem vivido.’
Eknath disse, ‘Não interessa se você vai morrer daqui a sete dias ou daqui a setenta anos. Uma vez que você se torna consciente de que vai morrer, não interessa quando.’
A consciência da morte faz você viver a vida tão totalmente e tão alegremente quanto possível. A morte não é sua inimiga. Na verdade, ela é um convite para você viver intensamente, totalmente, para espremer e desfrutar toda gota do sumo de cada momento. A morte é um tremendo desafio e convite. Sem a morte não haveria nem Goutama Buda, nem Jesus, nem Lao Tzu, nem Tilopa. Não haveria nem Kabir, nem Raidas, nem Mansoor, nem Sarmad.
É a morte e a consciência dela que faz você viver tão totalmente, tão profundamente e tão conscientemente quanto possível. Antes que a morte bata em sua porta, você deveria ser capaz de ver a vida eterna dentro de si. Então não haveria morte alguma; a morte é uma ficção. Ela é uma realidade apenas para aqueles que não viveram, não viveram em sua completude, em sua inteireza.
Para aqueles que viveram, não existe morte.
É apenas uma mudança – apenas uma mudança de casa. (...)
O homem que conhece a si mesmo sabe que a morte é apenas uma mudança de casa. Aceitação não é a palavra certa, mas não existe outra palavra; essa é a dificuldade.
Eu diria, Chintan, desfrute!
Faça com que todos esses dias sejam uma celebração.
E se você puder fazer com que todos esses dias sejam uma celebração, irá descobrir que a morte é uma ficção. Esses dias de celebração, meditação, silêncio, alegria e amor irão criar em você a capacidade de morrer conscientemente. E aquele que morre conscientemente sabe que a morte nada mais é que uma mudança de casa. E é sempre para uma casa melhor, porque a vida sempre caminha para cima; ela é um processo evolutivo. (...)
Tudo que é, é belo. E pode ser mais belo – não há limite para a evolução. Particularmente para a consciência não há limite; ela pode ir além mesmo de Goutama Buda, além de Bodhidharma, além de todos as grandes pessoas despertas do passado, porque a consciência não tem limite. Ela é tão vasta quanto é o céu, quanto é o universo inteiro.
Chintan, aceite com alegria, com dança e canto.

Agora, uma pequena piada para que você não saia daqui com seriedade na face. Este templo acredita no riso e eu quero que todo mundo que vem aqui, quando se for, vá rindo. Mesmo no caminho, quando se lembrar, dê uma risadinha. De noite, no meio da noite, quando se lembrar – uma boa risada.
Uma boa risada é a maior das preces.

Um garotinho num piquenique afastou-se de sua família e percebeu de repente que estava perdido e a noite estava chegando. Após correr por todos os lados e gritar, num momento ele ficou muito amedrontado e ajoelhou-se para rezar com as mãos para o alto.
‘Querido Senhor,’ ele disse, ‘por favor ajude-me a encontrar minha mãe e meu pai e eu prometo que não vou mais bater em minha irmã.’
Exatamente naquele momento, um pássaro voava sobre sua cabeça e soltou uma titica justamente em suas mãos esticadas para o alto. O garoto examinou aquilo, olhou para o céu e disse, ‘Senhor, não me dê essa titica, eu realmente estou perdido.’

Todo mundo realmente está perdido. Poucos encontraram suas casas. Mas a sua peregrinação em busca de sua casa não deve ser séria, nem triste, nem pesada; ela deve ser cheia de risos, canções e danças. Se você puder encontrar a sua casa dançando e rindo, essa é a verdadeira busca. Com tristeza e seriedade é provável que você encontre algum cemitério, não a sua casa. Nós precisamos de pessoas que sejam buscadoras, mas não sérias. Esse tipo de busca, com seriedade e tristeza, não leva ninguém a lugar algum. “

OSHO – The Invitation - Cap. 18 – Pergunta 2
Tradução: Sw. Bodhi Champak



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Aceite! Comece a partir do centro do seu ser. Aceite a si mesmo tal como você é. E, então, você começará a aceitar as coisas tal como são.

E com a aceitação, vem a transformação. Você nunca mais será o mesmo.

osho

sábado, julho 26


é um amor pobre aquele que se pode medir

William Shakespeare

Procure me amar quando eu menos merecer, porque é quando mais preciso.

Provérbio sueco
Imagens e Textos
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... Amar dói tanto que você fica humilde e olha de verdade para o mundo, mas ao mesmo tempo fica gigante e sente a dor da humanidade inteira.
Amar dói tanto que não dói mais, como toda dor que de tão insuportável produz anestesia própria...


Tati Bernardi

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...


Cecília Meireles

Porque você deve esperar que os outros o aprovem? Você é perfeitamente bom como você é; a aprovação de ninguém é necessária. Se você vive de aprovação, então você vive uma vida inautêntica. Você nunca vive a sua vida; você apenas vive uma vida que os outros aprovarão. Então a vida se torna falsa, pseudo, e você se torna infeliz, falsificado. Você se sente frustrado, porque a vida não tem significado. A vida só pode ter significado quando ela é real e uma vida real significa que você não está preocupado com o que os outros dizem.

osho

Você fica ocupado com o futuro e o passado e o presente vai sendo perdido – e o presente é a única existência.

O passado não existe mais e o futuro ainda não existe; ambos não existem, eles são não-existenciais.

Este exato momento, este único momento atômico, é a única existência – o aqui e agora.

osho

Olhos me buscam

Perdidos

Olhos me seguem

Pedindo

Toda minha boca

Fugindo

De qualquer tempo

Esquecido

Pelo momento

Indeciso

Meu sentimento.

Mariana Antonelli

Perceber-se aprisionado é um grande insight,

porque a partir desse momento a pessoa começa a fazer esforços para se libertar.





To feel imprizoned is a great insight, because from that moment one starts making efforts to be free.

OSHO, Teologia Mystica, # 6

O ego e o desejo



Querido Osho,
O que eu quero?

“Krishna, ninguém sabe exatamente o que quer porque ninguém está consciente nem mesmo de quem é. A questão do querer é secundária, a questão básica é: quem é você? A partir disso, as coisas poderão ser resolvidas – quais são seus desejos, suas vontades, suas ambições.
Se você é um ego, então naturalmente você quer dinheiro, poder, prestígio, quer lutar com outras pessoas, você será competitivo – ambição significa competição. Você estará continuamente pisando na garganta dos outros e eles estarão continuamente pisando na sua. Então a vida se torna aquilo que Charles Darwin disse: a sobrevivência dos mais aptos. Na verdade o uso que ele faz da expressão “os mais aptos” não é correto. Na verdade, o que ele chama de mais apto, é o mais esperto, o mais animalesco, o mais inflexível, o mais estúpido, o mais feio. Charles Darwin não diria que Buddha é o mais apto, ou Jesus, ou Sócrates. Essas pessoas seriam mortas facilmente e aqueles que os tivessem matado iriam sobreviver. Jesus não conseguiria sobreviver. Certamente, de acordo com Darwin, Jesus não é a pessoa mais apta. Poncios Pilatos é muito mais apto, está mais no caminho certo. Sócrates não era o mais apto, mas as pessoas que o envenenaram, que o condenaram à morte, eram. O uso que ele faz da expressão ‘o mais apto’ é muito infeliz.
Se você está vivendo no ego, Krishna, então a sua vida será uma luta; ela será violenta e agressiva. Você criará miséria para os outros e para si mesmo, porque a vida de conflito não consegue ser nada além disso. Assim, tudo depende de você, de quem você é. Se você está no ego, ainda pensando em si em termos de ego, então você terá uma certa qualidade fétida. Mas, se você chegou a compreender que você não é o ego, então a sua vida terá uma fragrância. Se você não conhece a si mesmo, você está vivendo na inconsciência, e uma vida de inconsciência só pode ser uma vida de equívocos. Você pode ouvir Buda, você pode me ouvir, você pode ouvir Jesus, mas você interpretará de acordo com a sua própria inconsciência – você interpretará mal.
O cristianismo é a má interpretação de Jesus, assim como o budismo é a má interpretação de Buda, assim como o jainismo é a má interpretação de Mahavira. Todas essas religiões são interpretações errôneas, distorções, porque as pessoas que seguem Buda, Mahavira, Krishna, são pessoas comuns sem consciência. O que elas fazem é preservar os escritos e matar o espírito.

Um filósofo estava caminhando ao redor de um parque e notou um homem sentado em posição de lótus, com os olhos abertos olhando para o chão. O filósofo viu que o homem estava totalmente absorvido em seu olhar fixo ao chão. Depois de observá-lo por um longo tempo, o filósofo não mais resistiu e foi até o estranho camarada perguntando, ‘O que você está procurando? O que está fazendo?’
O homem respondeu sem deslocar o seu olhar fixo, ‘Eu estou seguindo a tradição Zen de sentar silenciosamente, nada fazer e então a primavera vem e a grama cresce por si mesma. Eu estou observando a grama crescer, mas ela ainda não cresceu coisa alguma.’

Não é preciso observar a grama crescer – mas isso é o que sempre acontece. Jesus diz uma coisa e as pessoas escutam, mas elas escutam apenas as palavras e dão àquelas palavras os seus significados.



Uma mãe levou seu filhinho ao psiquiatra e por mais de três horas ela lhe contou toda a história de seu filho. O psiquiatra estava ficando cansado, cheio, mas a mulher estava tão absorvida na sua fala que nem mesmo lhe deu oportunidade de impedi-la. Uma frase seguia a outra sem qualquer intervalo.
Finalmente o psiquiatra teve que dizer,’Por favor, pare agora! Deixe-me perguntar algo ao seu filho!’
E ele perguntou ao filho, ‘Sua mãe está reclamando que você não ouve o que ela lhe diz. Você tem alguma dificuldade de audição?’
O filho disse, ‘Não. Eu não tenho dificuldade de audição – os meus ouvidos estão perfeitamente bem – mas no que se refere a escutar, você pode julgar por si mesmo. Você consegue escutar a minha mãe? Ouvir eu posso: eu tenho que ouvir. Eu estava observando-o – você estava incomodado. Não



há como não ouvir, mas escutar – pelo menos eu sou livre para escutar ou não. Se eu escuto ou não, é uma questão minha. Se ela grita comigo, ouvir é natural, mas escutar é uma questão totalmente diferente.’
Você ouviu, mas você não escutou, e todo tipo de distorção se juntou ao redor. As pessoas seguem repetindo aquelas palavras sem qualquer idéia do que elas estão repetindo.

Você me pergunta, Krishna, ‘O que eu quero?’ Eu é que devo lhe perguntar, ao invés de você me perguntar, porque depende de onde você está. Se você estiver identificado com o corpo, então o seu querer será diferente; então comida e sexo serão suas únicas vontades, seus únicos desejos. Esses são dois desejos animais, os mais baixos. Eu não os estou condenando ao chamá-los de mais baixos, eu não os estou avaliando. Lembre-se, eu estou apenas afirmando um fato: o mais baixo degrau da escada. Mas se você estiver identificado com a mente, os seus desejos serão diferentes: música, dança, poesia, e depois existem mil coisas.
O corpo é muito limitado; ele tem uma polaridade simples: comida e sexo. Ele se move como um pêndulo entre esses dois, comida e sexo, nada mais existe para ele. Mas se você está identificado com a mente, então ela tem muitas dimensões. Você pode estar interessado em filosofia, em ciência, em religião – você pode estar interessado em muitas coisas que consegue imaginar.
Se você estiver identificado com o coração, então os seus desejos serão de uma natureza ainda mais elevada, mais do que a mente. Você se tornará mais estético, mais sensitivo, mais alerta, mais amoroso.
A mente é agressiva, o coração é receptivo.
A mente é masculina, o coração é feminino.
A mente é lógica, o coração é amor.
Assim, depende de onde você está ligado: no corpo, na mente ou no coração. Esses são os três mais importantes locais nos quais a pessoa pode funcionar. Mas também existe um quarto local em você; no oriente ele é chamado de turya. Turya simplesmente significa o quarto, o transcendental. Se você está consciente de sua transcendentalidade, então todos os desejos desaparecem. Então a pessoa apenas é, sem qualquer desejo, sem nada para ser pedido, para ser atendido. Não existe futuro ou passado. Então a pessoa vive neste momento completamente satisfeita, realizada. No quarto, o seu lótus de mil-pétalas desabrocha; você se torna divino.
Você está perguntando, Krishna, ‘O que eu quero?’ Isso simplesmente mostra que você nem mesmo sabe onde está, onde você está ligado. Você terá que investigar dentro de si mesmo – e isso não é muito difícil. Se é comida e sexo que toma a maior parte de você, então eli é onde você está identificado; se é algo que diz respeito ao pensar, então é a mente; se diz respeito a sentimentos, então é o coração. E, naturalmente, Krishna, não pode ser o quarto; senão a pergunta nunca teria surgido.
Assim, ao invés de responder a você, eu gostaria de lhe perguntar onde você está. Investigue.
Eu devo lhe perguntar, ‘Onde você está? Qual o tipo de identificação? Onde você está ligado?’ Somente então as coisas podem ficar claras – e isso não é difícil. Mas acontece muitas vezes das pessoas formularem belas perguntas, particularmente os indianos, Krishna. Elas podem estar ligadas ao centro sexual delas, mas elas perguntam a respeito do samadhi. Elas perguntam, ‘O que é nirvikalpa samadhi, onde todos os pensamentos desaparecem, aquela consciência sem pensamentos? O que é isso? O que é nirbeef samadhi, o sem semente, onde mesmo as sementes para qualquer futuro estão completamente queimadas? Qual é o estado supremo onde não se necessita de retorno à terra, ao útero, as vida novamente?’ Essas são apenas perguntas tolas que eles estão formulando; eles não estão formulando as perguntas deles. Eles não estão preocupados com a verdadeira situação deles. Eles estão formulando belas perguntas, metafísicas, esotéricas, para mostrar que eles são seres da mais alta qualidade, que eles são eruditos, que eles conhecem as escrituras, que eles são buscadores, que eles não são pessoas comuns, eles são extraordinários, religiosos. Isto está conduzindo os indianos a uma bagunça cada vez maior.
É sempre bom perguntar algo que seja relevante para você ao invés de perguntar algo que não lhe diz respeito.As pessoas me perguntam se Deus existe ou não, e elas nem mesmo sabem se elas existem ou não.



Há poucos dias, Divakar Bharti, um outro indiano, perguntou-me, ‘Por que eu estou aqui?’
Divakar, você está realmente aqui? Pergunte a si mesmo, você está realmentre aqui? Eu não acho que você esteja aqui. Fisicamente, é claro que você está aqui, mas espiritualmente, na verdade, você não está aqui. A não ser que você abandone essa idéia de ser um indiano, de ser um hindu, você não conseguirá estar aqui, você não conseguirá ser parte da minha comuna. Você tem carregado todos os tipos de tolices dentro de si, e ainda está agarrado a elas.
Krishna, é sempre bom formular perguntas sobre


questões que existem de fato, porque elas podem ser de alguma ajuda para você. Se você estiver sofrendo de um resfriado comum e for ao médico perguntando sobre câncer... pois como um homem como você pode sofrer de uma coisa usual como um resfriado comum...? Todas as pessoas ordinárias sofrem de resfriado comum, por isso que ele é chamado de resfriado comum. Mas você é uma pessoa fora do comum – você não é nenhum Tom, Harry ou Dick. Você é tão especial que você tem que sofrer de alguma coisa muito especial; assim você pergunta sobre o câncer. E se o médico ajudá-lo a curar o câncer, você vai ter mais problemas – aquele tratamento não vai ser adequado para você de maneira alguma. Ele vai criar mais complicações em você porque aqueles remédios podem matá-lo, pois nada existe para a ação deles; não existe câncer em você e eles não podem ser úteis para um resfriado comum.
Na verdade, para um resfriado comum, não existe medicação. Se você tomar remédio, o resfriado comum desaparece em sete dias; se você não tomar remédio, ele desaparece em uma semana! Na verdade, ele é tão comum que a ciência médica não se preocupa com ele. Quem vai cuidar de uma coisa tão pequena? As pessoas se preocupam com a ida à lua. Quem se preocupa com pequenas questões como um resfriado comum, ou o vazamento de uma caneta-tinteiro? As canetas-tinteiro ainda vazam! As pessoas já chegaram à lua, mas ainda não foram capazes de fazer uma caneta-tinteiro com cem por cento de garantia de que não vai vazar.
Simplesmente olhe para dentro de si mesmo, Krishna. Onde exatamente está o seu problema?

Um general visitando um hospital de campanha perguntou a um dos soldados carregados na maca, ‘O que está errado com você?’
‘Senhor,’ respondeu o soldado, ‘Eu tive furúnculos.’
‘Qual tratamento você teve?’
‘Eles me esfregaram com tintura de iodo, senhor.’
‘E isso ajudou?’ perguntou o general.
“Sim, senhor!’ respondeu o soldado.
Em seguida, o general dirigiu-se ao soldado da outra cama e descobriu que o sujeito tem hemorróidas. Ele também foi esfregado com tintura de iodo; isso ajudou e ele não teve outras demandas. O general perguntou então ao terceiro soldado, ‘O que está errado com você?’
‘Senhor, eu tive as amigdalas inchadas. Esfregaram-me tintura de iodo e, sim, isso ajudou.’
‘Algo mais você gostaria?’ perguntou o preocupado general.
‘Sim, senhor!’ respondeu o soldado. ‘Eu gostaria de ter sido o primeiro a ser esfregado com a tintura.’

Primeiro você tem que ver a sua situação, onde você está; somente então você poderá dizer o que você quer. Se você estiver sendo esfregado com tintura de iodo depois daqueles dois camaradas – um que tinha furúnculos e o outro que tinha hemorróidas – e você está sofrendo apenas com amigdalas inchadas, então o problema está claro!
Investigue, olhe para o lugar exato onde você está. No que me diz respeito, todo desejo é completo desperdício, todo querer é errado. Mas se você está identificado com o corpo, eu não posso dizer isso para você, porque isso estará muito longe do seu alcance. Se você está identificado com o corpo, eu lhe direi, mude um pouco para desejos mais elevados, os desejos da mente, e depois um pouco mais alto, para os desejos do coração, e depois finalmente ao estado sem desejos.
Desejo algum jamais será satisfeito. Esta é a diferença entre a abordagem científica e a abordagem religiosa. A ciência tenta satisfazer os seus desejos e, naturalmente, a ciência tem sido bem sucedida ao fazer muitas coisas, mas o homem permanece na mesma miséria. A religião tenta acordá-lo para a grande compreensão para que você possa ver que todos os desejos intrinsecamente não conseguem ser satisfeitos.
É preciso ir além de todos os desejos e somente assim haverá contentamento. Contentamento não é o fim de um desejo, contentamento não é a satisfação do desejo; porque o desejo não pode ser satisfeito. Com o tempo, quando você chegar à satisfação do seu desejo, irá descobrir que mil e um outros desejos surgiram. Cada desejo se ramifica em muitos desejos novos. E isso acontecerá repetidas vezes e toda a sua vida será desperdiçada.
Aqueles que sabem, aqueles que vêem – os budas, os despertos – todos concordam em um ponto. Isso não é uma coisa filosófica, é factual, o fato do mundo mais interior: o contentamento acontece quando todos os desejos tiverem sido abandonados. É com a ausência de desejos que o contentamento surge dentro de você. – na ausência. Na verdade, a própria falta de desejos é contentamento, é preenchimento, é gozo, é florescimento.
Krishna, mova-se dos desejos mais baixos para os desejos mais elevados, dos desejos brutos para os desejos mais sutis, e depois para o mais sutil, porque é fácil o pulo do mais sutil para o não-desejo, para o estado sem desejo. O estado sem desejo é nirvana.
Nirvana tem dois significados. É uma das mais belas palavras; idioma algum pode orgulhar-se dessa palavra. Ela tem dois significados, mas esses dois significados são como dois lados de uma mesma moeda. Um significado é a cessação do ego e o outro significado é a cessação de todos os desejos. Isso acontece simultaneamente. O ego e os desejos estão intrinsecamente juntos, eles estão inseparavelmente juntos. No momento em que o ego morre, os desejos desaparecem, ou vice-versa: no momento em que os desejos são transcendidos, o ego é transcendido. E ser sem desejos, ser sem ego, é conhecer a felicidade suprema, é conhecer o êxtase eterno.
Krishna, sannyas é isso: a busca pelo êxtase eterno, a qual começa mas nunca termina.


OSHO – Come, Come, Yet Again Come - Cap. 4 – Pergunta 3
Tradução: Sw. Bodhi Champak



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