segunda-feira, outubro 13


Meus olhos estão olhando

De muito longe, de muito longe.

Das infinitas distâncias

Dos abismos inferiores.

Meus olhos estão a olhar do extremo longínqüo

Para você que está distante de mim.

Se eu estendesse a mão, tocaria sua face.

Mas os cinco dedos pendem como um lírio murcho

Ao longo do vestido.

Aqui tudo é leve, silencioso, indefinido,

imóvel.

Não tenho mais limites.

Tornei-me fluida como o ar.

Seus olhos têm apelos magnéticos,

mas estou abismada

Em profundezas infinitas.


(Helena Kolody)

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