sexta-feira, maio 16


NUNCA TE PERDI

Nunca fui um herói,
Nunca soube voar,
e por trás dos meus olhos
uns olhos serenos de mar,
que te vêem fundo no mundo
e em todo o lugar.
Sou memória de ti,
tu és poema e arara.
Eu sou a sombra da fera que espera
ou a voz do Guevara.
Sou o silêncio que canto e te espanta
e que nunca te agarra.
Deixa a minha mão,
guiar o teu caminho,
não é a solidão que faz um homem sozinho,
é a paz na dor que sei de cor,
e o teu sabor no céu que é meu, e onde grito:

Eu nunca te perdi,
e nunca te deixei,
eu nunca te esqueci,
em ti eu repousei,
eu nunca te perdi,
e nunca te deixei,
eu nunca te esqueci,
por ti eu despertei.
Eu nunca te perdi.

Eu já não sou o mesmo,
não sou mais o mágico que te encantou,
que te levou ao deserto, tão perto daquilo que sou,
que te fez forte e rio e mar que agora secou.
Eu já não sou eterno,
sou mais uma página do teu caderno
rasgada e arrancada à força do vento,
tantas vezes escrita no carinho do tempo,
e as noites perdidas que dizias que não,
janelas fechadas a esconder a razão...
Deixa o meu olhar ser luz na tua estrada,
não é ao acordar que o sonho é madrugada,
é a paz na dor que sei de cor
e o teu sabor no céu que é meu e onde grito.


Pedro Abrunhosa, in Tempo

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