quarta-feira, dezembro 24



Meu amor, meu Amado, vê… repara:

pousa os teus lindos olhos de ouro em mim,

- dos meus beijos de amor Deus fez-me avara

para nunca os contares até ao fim.



Meus olhos têm tons de pedra rara

- É só para teu bem que os tenho assim -

e as minhas mãos são fontes de água clara

a cantar sobre a sede dum jardim.



Sou triste como a folha ao abandono

num parque solitário, pelo Outono,

sobre um lago onde vogam nenúfares…



Deus fez-me atravessar o teu caminho…

- Que contas dás a Deus indo sozinho,

passando junto a mim, sem me encontrares?



Florbela Espanca

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