sexta-feira, julho 4


O copo fundo

O fundo do copo fundo reflete o meu semblante.
Não tão doce como o suco que me adoça a boca,
Não tão vivo como o movimento das suas gotas
Apenas, tanto quanto eu do fundo do copo, distante.

Tenho o controle do copo,
Mas sinto-me escorrer por entre meus dedos
Tal qual fluido que pela minha garganta escoa.

O conteúdo do copo está acabando
Em alguns segundos ele estará vazio
Vazio como o meu semblante agora

Permito-me esvaziar-me de mim mesmo
Procurarei mais tarde no espelho
A imagem que no fundo do copo se perdeu
Procurarei-me em algum lugar que não em mim.

As ultimas gotas levaram consigo cada pedaço do meu aspecto
Agora nada mais é doce,
Nada mais é calmo,
Apenas vazio
Meu semblante, a poesia, o copo...

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