quarta-feira, dezembro 31
Receita de Ano Novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
carlos drummond de andrade
Como é bom amar...
agradeço a 2008 por ter infinitas possibilidades de aprender, acertar, errar e principalmente amar.Que em 2009 em possa praticar o que aprendi...
Desejo a todos o que eu mais quero pra mim...muito amor...!!!
beijos a todos !!!!
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Deixa que o olhar do mundo enfim devasse
Teu grande amor que é teu maior segredo!
Que terias perdido, se, mais cedo,
Todo o afeto que sentes se mostrasse?
Basta de enganos!
Mostra-me sem medo
Aos homens, afrontando-os face a face:
Quero que os homens todos, quando eu passe,
Invejosos, apontem-me com o dedo.
Olha: não posso mais!
Ando tão cheio
Deste amor, que minh'alma se consome
De te exaltar aos olhos do universo...
Ouço em tudo teu nome, em tudo o leio:
E, fatigado de calar teu nome,
Quase o revelo no final de um verso.
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Olavo Bilac
terça-feira, dezembro 30
Me leva... por caminhos de amor e prazer
Se inflame na chama do meu corpo
Me sufoca
Me enrosca
De forma natural
se entregue
Me pega
Me laça
Me abraça
Vem me induzir aos seus anseios
e aos meus desejos tão loucos
que aos poucos vão nos consumindo
de tanto amor e prazer
Eu quero seu amor a qualquer preço
Quero que você me tenha por inteiro
Quero seus beijos ardentes
tão doces... tão quentes...
e me embriagar no perfume do seu corpo
para que possamos viajar
nesse amor tão bonito.
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Mário Quintana
domingo, dezembro 28
Eu com minha idade sentado num banco de praça
meu coração era do tamanho do mundo
feito do seu elemento de água rumor e ornamento
duas alamedas duas fontes se escorrendo
meu coração era do tamanho desse mundo
ora assim igual a si mesmo ora se
desconhecendo
mas meu coração é menos perfeito do que esta praça
às vezes se lembra e dificilmente
da hora hora exata do retorno do tempo
meu coração às vezes tropeça projeta uma perna
sobre a outra
se interrompe mudo parece
que pensa
Marcos Siscar
sexta-feira, dezembro 26
A Vida é uma vitrina de tecidos.
A gente, por instantes,
fica de olhos perdidos
na beleza das telas deslumbrantes.
Depois, entra na loja e vai comprar.
Caixeirinha gentil, a Ilusão
vem vender ao balcão
e não se cansa de mostrar,
não se cansa
de exibir delicados,
rendilhados,
leves panos de Sonho e de Esperança.
As mãos tocam de leve
na leveza das telas.
Não vá o gesto, por mais breve,
esgarçar uma delas!
Todas tão lindas! Mas a que fascina
não está ali na grande confusão
das peças espalhadas no balcão.
E a gente diz,
num ar feliz:
"Levo daquela rósea, muito fina,
exposta na vitrina."
Logo o Destino vem (da loja é o dono)
e fala sobranceiro, com entono:
"É artigo raro.
Marca, padrão e cor: - Felicidade.
É um artigo de alta qualidade
o mais caro
de todos os tecidos.
São cortes especiais...e estão vendidos!"
...................................................................
E a gente vai comprar do áspero pano
que se encontra na seção do Desengano.
graciete salmon
(O Que Ficou Do Sonho)
quinta-feira, dezembro 25
Senhor! Fazei de mim um instrumento da vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
Onde houver discórdia, que eu leve a união.
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade.
Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria.
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe.
É perdoando que se é perdoado.
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
quarta-feira, dezembro 24
Meu amor, meu Amado, vê… repara:
pousa os teus lindos olhos de ouro em mim,
- dos meus beijos de amor Deus fez-me avara
para nunca os contares até ao fim.
Meus olhos têm tons de pedra rara
- É só para teu bem que os tenho assim -
e as minhas mãos são fontes de água clara
a cantar sobre a sede dum jardim.
Sou triste como a folha ao abandono
num parque solitário, pelo Outono,
sobre um lago onde vogam nenúfares…
Deus fez-me atravessar o teu caminho…
- Que contas dás a Deus indo sozinho,
passando junto a mim, sem me encontrares?
Florbela Espanca
segunda-feira, dezembro 22
Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...
E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.
Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, eu te amo...
Cora Coralina
domingo, dezembro 21
"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)"
(Álvaro de Campos)
sábado, dezembro 20
Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
Olhei pro meu espelho e ah....
Gritei o que eu mais queria
Na fresta da minha janela
Raiou, vazou a luz do dia
Entrou sem me pedir licença
Querendo me servir de guia
Na fresta da minha janela
Raiou, vazou a luz do dia
Entrou sem me pedir licença
Querendo me servir de guia
Eu que já sabia tudo
Das rotas da astrologia
Dancei e a cabeça tonta
O meu reinado não previa
Olhei pro meu espelho e ah....
Meu grito não me convencia
Princesa eu sei que sou pra sempre
Mas sempre não é todo dia
Olhei pro meu espelho e ah....
Meu grito não me convencia
Princesa eu sei que sou pra sempre
Mas sempre não é todo dia
Botei o meu nariz a postos
Pro faro e pro que vicia
Senti teu cheiro na semente
Que a manhã me oferecia
Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
Eu acho que será pra sempre
Mas sempre não é todo dia
Eu hoje acordei tão só
Mais só do que eu merecia
Eu acho que será pra sempre
Mas sempre não é todo dia...
oswaldo montenegro
domingo, dezembro 14
sábado, dezembro 13
sexta-feira, dezembro 12
O meu mundo não é como o dos outros,
quero demais,
exijo demais,
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante que eu nem mesmo compreendo,
pois estou longe de ser uma pessimista;
sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa,
violenta, atormentada,
uma alma que não se sente bem onde está,
que tem saudades…sei lá de quê!”
Florbela Espanca,
quinta-feira, dezembro 11
Queria compartilhar contigo os momentos mais simples
e sem importância.
Por exemplo:
sair contigo para passear, sentir-te apoiada em meu braço,
ver-te feliz ao meu lado
alheia a todo mundo que passasse.
Gostaria de sair contigo para ouvir música, ir ao cinema,
tomar sorvete, sentar num restaurante
diante do mar,
olhar as coisas, olhar a vida, olhar o mundo
despreocupadamente,
e conversar sobre "nós" – esse "nós" clandestino
que se divide em "tu e eu"
quando chega gente.
Encontrar alguém que perguntasse: "Então, como vão vocês?"
E me chamasse pelo nome, e te chamasse pelo nome
e juntasse assim nossos nomes, naturalmente,
na mesma preocupação.
Gostaria de poder de repente te dizer:
Vamos voltar pra casa...
( Como se felicidade pudesse ser uma coisa
a que tivéssemos direito como toda gente)
Queria partilhar contigo os momentos menores
da minha vida,
porque os grandes já são teus.
(Poema de JG de Araujo Jorge
do livro – A Sós – 1958 )
segunda-feira, dezembro 8
Gosto quando me falas de ti... e vou te percorrendo
e vou descortinando a tua vida
na paisagem sem nuvens, cenário de meus desejos tranquilos
Gosto quando me falas de ti... e então percebo
que antes mesmo de chegar, me adivinhavas,
que ninguém te tocou, senão o vento
que não deixa vestígios, e se vai
desfeito em carícias vãs...
Gosto quando me falas de ti... quando aos poucos a luz
vasculha todos os cantos de sombra, e eu só te encontro
e te reencontro em teus lábios, apenas pintados,
maduros,
mas nunca mordidos antes da minha audácia.
Gosto quando me falas de ti... e muito mais adiantas
em teus olhos descampados, sem emboscadas,
e acenas a tua alma, sem dobras, como um lençol
distendido,
e descortino o teu destino, como um caminho certo, cuja primeira curva
foi o nosso encontro.
Gosto quando me falas de ti... porque percebo que te desnudas
como uma criança, sem maldade,
e que eu cheguei justamente para acordar tua vida
que se desenrola inútil como um novelo
que nos cai no chão...
( Poema de JG de Araujo Jorge do
livro "Quatro Damas" 1a ed. 1965 )
sábado, dezembro 6
Brota esta lágrima e cai,
vem de mim, mas não é minha.
Percebe-se que caminha,
sem que se saiba aonde vai.
Parece angústia espremida
de meu negro coração,
--pelos meus olhos fugida
e quebrada em minha mão.
Mas é rio, mais profundo,
sem nascimento e sem fim,
que, atravessando este mundo,
passou por dentro de mim.
(Cecília Meireles)
sexta-feira, dezembro 5
Paradoxo
A dor que abate, e punge, e nos tortura,
que julgamos às vezes não ter cura
e o destino nos deu e nos impôs,
é pequenina, é bem menor, e até
já não é dor talvez, dor já não é
dividida por dois.
A alegria que às vezes num segundo
nos dá desejos de abraçar o mundo,
e nos põe tristes, sem querer, depois,
aumenta, cresce, e bem maior se faz,
já não é alegria, é muito mais
dividida por dois.
Estranha essa aritmética da vida,
nem parece ciência, parece arte;
compreendo a dor menor, se dividida,
não entendo é aumentar nossa alegria
se essa mesma alegria
se reparte.
( Poema de JG de Araujo Jorge
do livro- Festa de Imagens – 1948)
quinta-feira, dezembro 4
segunda-feira, dezembro 1
domingo, novembro 30
Às vezes tenho idéias felizes,
Idéias subitamente felizes, em idéias
E nas palavras em que naturalmente se despegam...
Depois de escrever, leio...
Por que escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto? Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?...
(Álvaro de Campos)
sábado, novembro 29
“… deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente…”
Caio Fernando Abreu
quarta-feira, novembro 26
Meus olhos que por alguém
Deram lágrimas sem fim,
Já não choram por ninguém
Basta que chorem por mim.
Arrependidos e olhando
A vida como ela é,
Meus olhos vão conquistando
Mais fadiga e menos fé.
Sempre cheios de amargura!
Mas se as coisas são assim,
Chorar alguém – que loucura!
– Basta que eu chore por mim.
(Antônio Bôto )
segunda-feira, novembro 24
carolina salcides...
puxa..realmente me desculpe...deve ser terrível se inspirar, escrever um texto com tanto amor e este texto ser "reconhecido por outro"...ainda bem que é Pablo Neruda...o acho perfeito...
pode ficar tranquila que retirarei esse poema..eu imagino que poetas não tenham "sexo definido",vou te explicar...eles transcendem...deve ser ousadíssimo um homem fazer poesias como uma mulher..e ao contrário...realmente quando postei não imaginei que ele pudesse ser gay ou afim..mas que por ser tão maravilhoso,conseguisse captar a alma feminina...mas também se fosse..que problema teria?Lembremos que qualquer tipo de preconceito é crime....
que bom que suas poesias estão registradas...mas o ruim da net é que não dá pra saber isso...colhi sem nenhuma má intençao, por ser tão perfeita...mas peço infinitas desculpas pelo lapso...vou procurá-la e tirar do meu blog..ok???
Deus abençõe ricamente seus poemas, poesias...e que vce seja devidamente reconhecida...
um forte abraço..
silvana
pode ficar tranquila que retirarei esse poema..eu imagino que poetas não tenham "sexo definido",vou te explicar...eles transcendem...deve ser ousadíssimo um homem fazer poesias como uma mulher..e ao contrário...realmente quando postei não imaginei que ele pudesse ser gay ou afim..mas que por ser tão maravilhoso,conseguisse captar a alma feminina...mas também se fosse..que problema teria?Lembremos que qualquer tipo de preconceito é crime....
que bom que suas poesias estão registradas...mas o ruim da net é que não dá pra saber isso...colhi sem nenhuma má intençao, por ser tão perfeita...mas peço infinitas desculpas pelo lapso...vou procurá-la e tirar do meu blog..ok???
Deus abençõe ricamente seus poemas, poesias...e que vce seja devidamente reconhecida...
um forte abraço..
silvana
domingo, novembro 23
Sondar a possibilidade do salto
e a profundidade do
abismo.
Formular o desenho preciso.
Vôo e queda, a mesma dimensão
e
altura.
Vôo e queda recortam no ar
a mesma figura.
Saltar de dentro
de si mesmo
Como quem pula o muro da infância,
A cerca que esconde os
pomares
do mundo e limita o corpo
e seu agreste crescimento. E
restringe
o homem e seu poder.
Saltar para o desconhecido
sem redes
sob o corpo.
O salto moral
Diante de mil trapézios oscilantes
e
luzes e o pavor dilacerante
da platéia. A comovente platéia
da
autopiedade
Saltar
para a verdade
(Celina Ferreira)
...me tire desse quarto de hotel e de todas as coisas que entram pela janela; me leve para longe das palmeiras, mais longe e perto das coisas mais macias; me faça esquecer (depressa) os homens ruins — isto é: os que gostam de cebola crua; me ensine tudo o que eu não aprendi: a cortar com a mão direita, a usar anel, a tocar piano, a desenhar uma árvore e valsar; e me lembre do que eu esqueci — raiz quadrada, (as mais ordinárias), frações, latim, geofísica e "Navio Negreiro", de Castro Alves; depois, me dê, pelo bem dos seus filhinhos, aquilo que eu não tenho há quase um ano, carinho — de um jeito que eu não sei dizer como é, mas que há, por aí ou, pelo menos, já houve; destelhe a casa, deixe a noite entrar e, juntos, vamos nos resfriar; espirre de lá, que eu espirro de cá... agora, cada um com a sua bombinha, inalação, inalação; lado a lado, sentemos, os dois de perfil para o ventilador; minhas mãos e as suas não são de ninguém, entendido?; se interesse por mim e pergunte o que eu sei, que eu quero exclamar, no mais puro francês: "oh!"..."comment allez vous"? (...) de um jeito ou de outro, me tire daqui, pra Pérsia, Sibéria, pro Clube da Chave, pra Marte, Inglaterra, sem couvert, sem couvert; está vendo o retrato dos meus 20 anos? de lá para cá, cansaço, pé chato, gordura, calvície fizeram de mim essa coisa ansiosa, insegura e com sono, que pede a você, no auge do manso: você não saia esta noite e fique, ao meu lado, esperando que o sono me tome e me mate, me salve e me leve, por amor ao teu andar, assim seja..."
antonio maria
quinta-feira, novembro 20
Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.
Cecília Meireles
quarta-feira, novembro 19
Ouve estes versos que te dou, eu
os fiz hoje que sinto o coração contente
enquanto teu amor for meu somente,
eu farei versos...e serei feliz...
E hei de faze-los pela vida afora,
versos de sonho e de amor, e hei depois
relembrar o passado de nós dois...
esse passado que começa agora...
Estes versos repletos de ternura são
versos meus, mas que são teus, também...
Sozinha, hás de escuta-los sem ninguém que
possa perturbar vossa ventura...
Quando o tempo branquear os teus cabelos
hás de um dia mais tarde, revive-los nas
lembranças que a vida não desfez...
E ao lê-los...com saudade em tua dor...
hás de rever, chorando, o nosso amor,
hás de lembrar, também, de quem os fez...
Se nesse tempo eu já tiver partido e
outros versos quiseres, teu pedido deixa
ao lado da cruz para onde eu vou...
Quando lá novamente, então tu fores,
pode colher do chão todas as flores, pois
são os versos de amor que ainda te dou.
(Poema de JG de Araújo Jorge
do livro "Meu Céu Interior" – 1934)
segunda-feira, novembro 17
"Esta saudade és tu.. . E é toda feita
de ti, dos teus cabelos, dos teus olhos
que permanecem como estrelas vagas:
dois anseios de amor, coagulados.
Esta saudade és tu ... É esse teu jeito
de pomba mansa nos meus braços quieta;
é a tua voz tecida de silêncio
nas palavras de amor que ainda sussurram.
Esta saudade são teus seios brancos;
tuas carícias que ainda estão comigo
deixando insones todos os sentidos.
Esta saudade és tu ... É a tua falta
viva, em meu corpo, na minha alma, viva,
... enquanto eu morro no meu pensamento.
j.g.de araújo jorge
Sonho, a gente só se dá
conta dele depois que acorda, depois que ele acabou...
E fica aquela vontade na gente de sonhar mais um pouquinho.
Existem pessoas que são um sonho...
Um sonho pelo qual a gente dormiria a vida inteira.
Mas o destino vem e nos acorda violentamente...
E nos leva aquele sonho tão bom...
Existem pessoas que são estrelas.
Doces luzes que enfeitam e iluminam as noites
escuras de nossas vidas.
Mas vem o amanhecer e nos rouba com toda a sua claridade
aquela estrela tão linda.
Existem pessoas que são flores...Belezas discretas
que alegram o nosso caminho.
Mas com o tempo, as flores murcham,
e nos enchem de saudade de sua cor e de seu perfume.
Existem, finalmente,as pessoas que são simplesmente amor.
Um amor doce como o mel de uma flor...que desabrochou numa estrela
e que veio até nós num lindo sonho!
E ainda bem que são amor, porque flores,estrelas ou sonhos,
mais cedo ou mais tarde, terminam...
mas o amor...o amor não termina nunca...
quarta-feira, novembro 5
Sou a noite
que cai soturna
enegrecendo seu céu
trazendo as carícias
para afagá-lo em mim
torturá-lo com malicia
e aos poucos, descortinar o véu
e devorá-lo em penumbra
sem pensar no fim...
Como estrelas faiscantes
meus olhos ficarão abertos
vigiando seu prazer
e no entardecer, de uma noite delirante
o seu corpo tão mais perto
será cena pra nunca mais esquecer...
E, finalmente
enquanto noite serena
meu braços
apertarem-no em um abraço
fazendo nossos corpos serem apenas um
brindaremos o anoitecer
faremos a noite de amor plena
e, por motivo nenhum,
deixarei amanhecer...
lara cardoso
Hoje com você
eu não faria Amor
só poesia.
ainda que nossos corpos
roçassem por toda a noite
em um balé frenético,
em posições caóticas, exóticas,
ainda assim, não seria Amor,
só poesia.
E se nessa dança bravia,
de corpos excitados,
arrepiados,
travássemos um diálogo
só com gemidos
ainda assim, não seria Amor,
só poesia.
mesmo que estrelas
vistas de nossa janela
voassem até nosso quarto,
se prendessem ao teto
e ouvíssemos anjos cantando...
anunciando o céu de prazer
ainda sim, não seria Amor
só poesia.
Então,hoje faremos nosso sarau,
nossa orgia
de um jeito só nosso
vem amor, deita comigo,
vamos fazer poesia.
guaraci pachú
terça-feira, novembro 4
Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
Assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesma,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar o inferno humano
– já me aconteceu antes.
Pois sei que
– em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade –
essa clareza de realidade
é um risco.
Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
dos modos possíveis.
Eu consisto,
eu consisto,
amém.
(Clarice Lispector)
SUA COMPANHIA
faz o tempo ter sabor de eternidade
é um pra-sempre-querer e nunca desgostar
a gente vai espichando as horas
tecendo poesia com as linhas do tempo
nas agulhas finas da imaginação
o bordado fica mimoso
cheio do perfume da sua presença
essa magia que tece a ternura
para além do infinito azul
de um eterno querer-bem...
diana pilatti
segunda-feira, novembro 3
Se minha poesia pudesse tocar
os distantes livros no mundo
passear em todas as línguas
pousar no colo dos inconsolados
passar pela retina dos amados
Se minha poesia pudesse
colar nos panfletos da cidade
virar outdoor...
Ah! Se pudesse...
entrar nos discursos dos políticos
nos artigos dos críticos
no painel eletronico da bolsa de valores
no livro caixa das empresas
nos balanços da contabilidade
nas cartas de amor dos enamorados...
Se pudesse...
cair na impressão dos jornais das cidade
ser publicado todas as manhãs
nos classificados
nas faturas dos supermercados
em todos os sites, blogs e portais
Ah! Se pudesse...
Sair desse mundo virtual
Contaminar a zona rural
estar presente nas exposições
nas grandes obras de artes
nas placas dos portões e portarias
Se pudesse estar em todas as coisas do mundo
Certamente eu te encontraria...
tereza amaral
Quero você comigo,
Ardendo de paixão.
Quero que morra de prazer
Em meu corpo de paixão.
Sim... de paixão
Pelo seu desejo
De paixão, pelo
seu amor
Quero você comigo
Percorrendo os campos em flor,
Me amando na relva
E bebendo de minha seiva em flor.
Quero você, comigo
me amando ao acordar e ao dormir.
Quero você comigo
Bendizendo que me encontrou
Que em sua vida me eternizou...
http://fattyromantica.blogspot.com/2008_04_13_archive.html
domingo, novembro 2
sábado, novembro 1
Não me tente, ó menina,
Com essa beleza divina
Que me mostra, quase nua...
Não me tente, que enlouqueço,
E dos pudores esqueço,
Ante o que me insinua...
Há tempos que a desejo,
Sonho doido com seu beijo,
Sua boca de sedução...
E agora a vejo assim,
Projetar-se sobre mim,
Com tanta provocação...
Se me tenta, desejosa,
Qual uma gata manhosa,
Com tanta desfaçatez,
Vou deitá-la sobre a relva
E qual as feras na selva,
Possuí-la de uma vez!
Gosto de ti desesperadamente:
dos teus cabelos de tarde onde mergulho o rosto,
dos teus olhos de remanso onde me morro e descanso;
dos teus seios de ambrosias, brancos manjares trementes
com dois vermelhos morangos para as minhas alegrias;
de teu ventre - uma enseada - porto sem cais e sem mar -
branca areia à espera da onda que em vaivém vai se espraiar;
de teu quadris, instrumento de tantas curvas, convexo,
de tuas coxas que lembram as brancas asas do sexo;
- do teu corpo só de alvuras - das infinitas ternuras
de tuas mãos, que são ninhos de aconchegos e carinhos,
mãos angorás, que parecem que só de carícias tecem
esses desejos da gente...
Gosto de ti desesperadamente;
gosto de ti, toda, inteira nua, nua, bela, bela,
dos teus cabelos de tarde aos teus pés de Cinderela,
(há dois pássaros inquietos em teus pequeninos pés)
- gosto de ti, feiticeira,
tal como tu és...
quinta-feira, outubro 30
Fecho os olhos e assim lhe vejo
E no leve toque de seu beijo...
Sinto que está perto de mim...
Fecho os olhos e assim sinto seu cheiro
que me envolve por inteiro
No doce aroma de seu jeito
Fecho os olhos e assim desejo
Que este sonho não termine
E sua musica então me nine
Fecho os olhos e assim imploro
Que na hora em que os abrir
Possa entao lhe ver sorrir
inez alvarez
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